Maior incidência de pragas eleva área tratada e exige maior proteção e manejo de cultivos com defensivos agrícolas em 2020, mas dólar alto deprecia valor do mercado

 

A maior safra de grãos da história será colhida em 2021: a produção deve superar 269 milhões de toneladas (+4,3% sobre a anterior), mesmo em meio aos desafios impostos pela pandemia da Covid-19. O crescimento da agricultura brasileira é resultado de uma série de fatores, incluindo os investimentos dos produtores rurais na prevenção, controle e tratamento de problemas fitossanitários (insetos, fungos e plantas daninhas) que podem derrubar em até 100 milhões de toneladas a safra brasileira, além de comprometer a oferta regular de alimentos na mesa da população.

De acordo com o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Julio Borges, a alta eficiência dos insumos aplicados nas lavouras contribuiu decisivamente para que não houvesse explosão de preços dos alimentos. “A crise econômica agravada pela quarentena prejudicou todos os setores, mas o empenho do agronegócio e as medidas implantadas para evitar quebras na produção contribuíram para a segurança alimentar dos brasileiros. Sem os insumos, a inflação dos alimentos teria sido muito superior ao registrado.”

Em 2020, os agricultores investiram ainda mais no controle de pragas, doenças e plantas daninhas. A área tratada com defensivos cresceu 6,9% no país, chegando a 1,6 bilhão de hectares, 107 milhões a mais que em 2019, de acordo com levantamento exclusivo encomendado pelo Sindiveg à Spark Consultoria Estratégica.

“O cálculo de área tratada considera o número de produtos e de aplicações de insumos, assim como a área cultivada, e ajuda a compreender o cenário de utilização dos defensivos agrícolas. A concentração da área tratada em 2020 esteve no quarto e no primeiro trimestre do ano, com 46% e 32% do total, respectivamente. Esse período coincide com o verão, época ideal para as principais culturas plantadas no território brasileiro”, analisa Julio.

Em valor de mercado, o setor de defensivos agrícolas, contudo, foi 10,4% menor em dólar de produto aplicado – abaixo do que estimava a entidade (11,8%). Foram US$ 12,1 bilhões em faturamento em 2020, ante US$ 13,5 bilhões de 2019. O valor em dólar em 2020 é o mais baixo em cinco anos. Em real, porém, o valor do mercado – medido em produtos aplicados – aumentou 10%, subindo de R$ 53,8 bilhões para R$ 59,1 bilhões.

“De janeiro a dezembro de 2020, a perda cambial foi de 18,5% para o setor”, informa o presidente do Sindiveg. “A intensa desvalorização do real frente ao dólar foi um importante desafio para a indústria de defensivos agrícolas, que tem a maior parte dos seus custos na importação de insumos e matérias-primas. Devido à consistente variação cambial, não conseguimos fazer o repasse integral do aumento dos custos, algo que deve acontecer este ano.”

Julio Borges ainda destaca outro grande desafio: o aumento de preços de matérias-primas da China de todos os insumos, bem como o custo da logística, visto que este dobrou por escassez de contêineres e navios. Como todos os segmentos da economia, os químicos também sofrem com a dinâmica da crise logística mundial. Mais um ponto de repasse nos custos dos produtos para a próxima safra.

 

Segmentos, culturas e regiões – Assim como nos anos anteriores, o combate aos insetos envolveu maior área tratada em 2020. Foram mais de 413 milhões de hectares, cerca de 25% do total. Em seguida, aparecem os herbicidas, com cerca de 401 milhões de hectares (24%). Os produtores também destinaram fungicidas a 306 milhões de hectares (19%) e outros 149 milhões de hectares receberam aplicações de produtos para o tratamento de sementes (9%).

“O ataque de pragas no Brasil é mais severo do que em qualquer outro país, devido às condições climáticas de um país tropical, com temperaturas mais altas e ambiente mais úmido, sem inverno rigoroso, característica da Europa, Canadá e de boa parte dos Estados Unidos que sofrem menos com a pressão desses detratores de produtividade. Afinal, em regiões de temperaturas mais baixas há um importante fator (a neve), que impede a reprodução das pragas”, explica Julio Borges.

Os desafios fitossanitários são vários e variam de acordo com as diferentes culturas, com destaque para ferrugem asiática, percevejos e daninhas resistentes na soja, lagartas no milho, braquiária e cigarrinhas na cana-de-açúcar, o bicudo no algodão, bicho-mineiro e ferrugem do cafeeiro no café. Esses são apenas alguns exemplos. Qualquer que seja o cultivo, sofre com o ataque de diferentes pragas e doenças. Apenas no cultivo de grãos, a falta de insumos preventivos representaria 37% a menos na produção, ocasionando explosão nos preços de outros setores, como de proteínas animais.

Em 2020, 1.052.520 toneladas de defensivos foram aplicados no país – volume 6,8% superior em relação ao ano anterior. Contudo, a média de volume por área diminuiu 0,1%. Em 2019, o índice era de 0,6341 quilos por hectare, tendo diminuído para 0,6336 kg/ha no ano passado. Cerca de 27% do valor de mercado está concentrado nos estados de Mato Grosso e Rondônia, e 19% em Minas Gerais e São Paulo, importantes polos agrícolas nacionais.

Principal cultura brasileira, a soja concentrou 48% do valor investido por agricultores em defensivos agrícolas: US$ 5,8 bilhões. Em segundo lugar, aparece o milho, com 13% do total, equivalente a US$ 1,6 bilhão. Na sequência vêm a cana (11% do valor de mercado), o algodão (10%), as hortaliças e frutas (4%), a pastagem e o café (ambos com 3%), além do feijão, citros, trigo e arroz (com 2% cada). As demais culturas têm 1% de participação no total.

“A agricultura brasileira é movida pela busca incansável por maior produtividade e consequente maior produção. Mesmo sendo um dos maiores produtores agrícolas mundiais, o Brasil aplica menos defensivos por hectare que países de clima temperado e que tem apenas uma safra por ano”, destaca o presidente do Sindiveg.

O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) representa a indústria de produtos para defesa vegetal no Brasil há 79 anos. Reúne 26 associadas, distribuídas pelos diversos Estados do País, o que representa aproximadamente 40% do setor. Com o objetivo de defender, proteger e fomentar o setor, o Sindiveg atua junto aos órgãos governamentais e entidades de classe da indústria e do agronegócio pelo benefício da cadeia nacional de produção de alimentos e matérias-primas. Entre suas principais atribuições estão as relações institucionais, com foco em um marco regulatório previsível, transparente e baseado em ciência, e a representação legitima do setor com base em dados econômicos e informações estatísticas. A entidade também atua em prol do fortalecimento e da valorização da comunicação e da imagem do setor, assim como promove o uso correto e seguro dos defensivos agrícolas.


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