Setor empresarial brasileiro quer ações para reverter atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia

Em reunião por videoconferência na sexta-feira, 10 de julho, com o presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal e vice-presidente da República, Hamilton Mourão, grupo de representantes do setor empresarial brasileiro reforçou a cobrança por medidas efetivas de combate ao desmatamento ilegal no país, entre outros pontos, que permitam reverter a atual percepção negativa da imagem do Brasil no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia. É preciso implementar ações imediatas para aplacar as reações negativas de investidores e consumidores estrangeiros aos negócios em nosso País, afirmam os empresários.

No encontro, os executivos apresentaram ao governo a proposta de maior participação e trabalho conjunto com o Conselho Nacional da Amazônia em políticas que induzam a uma retomada verde da economia, para um cenário de baixo carbono. Os empresários também salientaram o que o setor privado vem realizando e como o desmatamento ilegal prejudica os negócios.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que a reuniu abre um diálogo entre o governo e o setor privado e que está 100% alinhado com as propostas levadas pelos empresários.

O setor empresarial foi representado nesta reunião por Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS); Marcello Brito, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag); José Carlos Fonseca, diretor executivo da Indústria Brasileira da Árvore (Ibá); João Paulo, CEO América Latina da Natura; Water Schalka, CEO da Suzano; André Araujo, CEO da Shell; Paulo Sousa, CEO da Cargill; Marcos Antonio Molina dos Santos, presidente do Conselho de Administração da Marfrig; Candido Botelho Bracher, CEO do Itaú; e Luiz Eduardo Osorio, diretor-executivo de Relações Institucionais, Comunicação e Sustentabilidade da Vale.

A reunião desta sexta-feira foi confirmada pelo presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal depois que o Comunicado do Setor Empresarial Brasileiro veio a público, na última terça-feira (7). Além do Conselho Nacional da Amazônia Legal e Vice-Presidência da República, o documento foi protocolado aos presidentes do Supremo Tribunal Federal, Senado Federal e Câmara dos Deputados, e ao procurador-geral da República. Na ocasião, o documento contava com a assinatura de CEOs de cerca de 40 companhias e grupos empresariais dos setores industrial, agrícola e de serviços, além de quatro organizações: CEBDS, Abag, Ibá e Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (ABIOVE). Atualmente, o posicionamento – que é aberto e busca o maior engajamento possível – conta com a adesão de 50 grandes companhias e, com a inclusão da Rede Brasil do Pacto Global, somando cinco entidades.

Ainda durante a reunião, Mourão comprometeu-se a assumir e anunciar metas semestrais contra desmatamento, queimadas e grilagem. Assumiu o compromisso de não aceitar ilegalidades.

 

Prejuízo ao Brasil – Os executivos alertam que a imagem negativa tem enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o país. Além de uma maior resistência e até fuga de investimentos externos, há riscos de aumento da suspeita sobre a procedência da carne bovina e boicotes silenciosos, com a dificuldade da entrada de produtos brasileiros em alguns mercados.

O desmatamento de 1 hectare na Amazônia custa de R$ 800,00 a R$ 2 mil, dependendo da densidade arbórea da mata. Se considerar os 9,2 mil km² (920 mil hectares) desmatados em 2019, o custo do desmatamento ilegal variou de R$ 740 milhões a R$ 1,8 bilhão.

 

Potencial de negócios – Por outro lado, há um elevado potencial de negócios ainda não totalmente dimensionado da floresta em pé. Estudo publicado ano passado pela revista Perspectives in Ecology and Conservation e endossado por mais de 407 cientistas brasileiros, de 79 instituições de pesquisa – apontou que os 270 milhões de hectares de vegetação nativa preservados em propriedades rurais – entre áreas desprotegidas e de Reserva Legal – rendem ao Brasil R$ 6 trilhões ao ano em serviços ecossistêmicos, como  polinização, controle de pragas, segurança hídrica, produção de chuvas e qualidade do solo.

Os serviços oferecidos pelos sistemas naturais têm impacto na segurança alimentar, energética e hídrica; na produtividade da cadeia agrícola e servem de estoque e sumidouro para o carbono.

Relatório da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos sobre restauração de paisagens aponta que um hectare de floresta em pé na Amazônia, por exemplo, gera em média R$ 3,5 mil por ano e no cerrado em torno de R$ 2,3 mil por ano. Em sistemas agroflorestais esse rendimento pode chegar a mais de R$ 12 mil anuais. Já o mesmo hectare desmatado para a pecuária daria um lucro de R$ 60 a R﹩ 100 por ano. Se usado para soja, o valor seria de R$ 500 a R$ 1 mil por ano.

 

Soluções – Além do efetivo combate ao desmatamento ilegal, são apontados pelo documento como focos prioritários de ação: (i) inclusão social e econômica de comunidades locais para garantir a preservação das florestas; (ii) minimização do impacto ambiental no uso dos recursos naturais, buscando eficiência e produtividade nas atividades econômicas daí derivadas; (iii) valorização e preservação da biodiversidade como parte integral das estratégias empresariais; (iv) adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono; (v) direcionamento de financiamentos e investimentos para uma economia circular e de baixo carbono; e (vi) pacotes de incentivos para a recuperação econômica dos efeitos da pandemia da Covid-19, condicionada a uma economia circular e descarbonizada.


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