Com o novo momento da Cachaça, cada vez mais estratégias são utilizadas para elevar bebida, focando em processos de envelhecimento com diferentes tipos de madeiras, alta qualidade e embalagens diferenciadas

O mercado de bebidas vem acompanhando ponto a ponto o crescimento do interesse por destilados considerados nobres. Com forte potencial de expansão na preferência do consumidor, os produtores de Cachaça buscam cada vez mais estratégias para elevá-la à categoria Premium e, dessa forma, estarem páreo a páreo com whiskies e runs nas melhores prateleiras.

Antes estigmatizada, a Cachaça vem ganhando caráter sofisticado, que vai desde o processo de produção até as embalagens e rótulos que seguem modelos diferenciados, muitas vezes com design exclusivo.

Um exemplo é a Microdestilaria Hof, que trabalha com a melhor Cachaça da região do Circuito das Águas Paulistas, bidestilada na microdestilaria de forma tradicional e descansada naturalmente. Martin Braunholz, fundador da Hof, explica o sucesso da empresa e o que o torna competitivo. “Trazemos um conceito contemporâneo de produção em escala reduzida, com criações de receitas originais, mantendo a harmonização das propriedades marcantes dos ingredientes”.

Há variadas opções de alta qualidade e extremamente complexas deste destilado tipicamente brasileiro, que contam com diversas camadas de aromas e sabores, capazes de agradar aos paladares mais exigentes. Produzir cachaça, principalmente de maneira artesanal, é uma maneira de investir em um negócio com grande potencial de crescimento. Devido à expansão mercadológica, a bebida pode ser encontrada nos mais diversos tipos de bares, restaurantes, hotéis e casas noturnas de todo o país, inclusive nos ambientes mais refinados.

As cachaças de alambique estão em um processo de namoro com os consumidores das classes A e B. O fato de serem produzidas artesanalmente em propriedades rurais é um grande diferencial na experiência de consumo do produto envelhecido em barris de madeira.

Segundo dados da ABRABE – Associação Brasileira de Bebidas – a Cachaça tem apresentado crescimento no mercado internacional, sendo o terceiro maior destilado do mundo. A bebida também ocupa posição de destaque no mercado nacional, no qual o volume corresponde a 50% no segmento de destilados. É o segundo maior mercado de bebidas alcoólicas no Brasil, atrás apenas da cerveja. Reconhecida como tipicamente brasileira, ela se tornou aposta do setor de destilados.

“Para aqueles que já estão posicionados com sua marca dentro do mercado de Cachaça, é um bom momento para apostar na diversificação do negócio como uma maneira de aumentar o faturamento. Isso tem acontecido com parte dos fabricantes e tem proporcionado ao consumidor uma melhor experiência com os produtos do segmento”, conta Alexandre Bertin, presidente da Confraria Paulista da Cachaça.

Processo de envelhecimento – O envelhecimento da Cachaça é uma prática que agrega cores, sabores e aromas diferenciados. São utilizados barris de madeiras nativas, que possibilitam a modulação e caracterização da Cachaça envelhecida, permitem elaboração de blends de duas ou mais espécies e aumentam a complexidade aromática da bebida. O uso de madeiras nacionais e seus blends dão originalidade à Cachaça com atributos de sabores únicos e reconhecíveis.

As principais madeiras brasileiras que envelhecem Cachaça são: Amendoim, Jequitibá, Araruva, Cabreúva ou Bálsamo, Jequitibá Rosa, Cerejeira ou Amburana, Grápia, Ipê-roxo, Castanheira, entre outras. Algumas delas são consideradas ideais para a fabricação de tonéis de armazenamento, pois conferem pouca coloração e interação com a Cachaça, outras aportam cores mais intensas e aromas facilmente reconhecíveis e são consideradas ideais para fabricação de barris de envelhecimento.

Dois tipos de madeira que vem ganhando destaque e conquistando a preferência dos consumidores são a Castanheira e a Amburana, de acordo com Lélida Maria Cardoso de Oliveira Assis, sócia proprietária da Cachaçaria Melicana. “A Cachaça armazenada na Castanheira não sofre muita interferência da madeira e, com isto, dizemos que ela é a verdadeira Cachaça brasileira de alambique. No caso da Amburana, por ter aroma adocicado e o sabor baunilha que vem da madeira, sem adição de açúcares, ela passa um sabor adocicado muito apreciado principalmente pelas mulheres e iniciantes em degustação de Cachaças”, explica Lélida.

Já a Cachaça Seleta conquistou a liderança no mercado mundial de Cachaças artesanais pelo gosto forte e persistente. É armazenada em tonéis de Amburana e conta com processo de fermentação natural, sendo o fermento a base de fubá de milho.

A Middas Cachaça possui duas versões em seu portfólio: a prata, armazenada em tonéis de Amendoim do campo e a ouro, Middas Reserva, envelhecida por dois anos em barris de Carvalho de primeiro uso.

Para atrair ainda mais os consumidores, a marca aposta também na embalagem. “A garrafa da Middas é importada da indústria francesa Saverglass, famosa por fornecer frascos com design inovador para o mercado mundial de bebidas alcoólicas. O ouro, que vem anexado a bebida deve ser misturado quando a garrafa é aberta transformando-a não só visualmente, mas trazendo ao seu paladar a mais pura sensação de prazer e luxo”, conta Leandro Dias, CEO da Middas Cachaça.

Mercado da Cachaça – O faturamento do setor cachaceiro alcançou R$5,95 bilhões em 2013, quando foram produzidos 511,54 milhões de litros da bebida, de acordo com o Sistema de Controle da Produção de Bebidas da Receita Federal – SICOBE, responsável por controlar a produção das principais empresas formais do setor.

De acordo com o Instituto Brasileiro da Cachaça – IBRAC, são 40 mil produtores e 4 mil marcas de cachaça no mercado nacional alocadas, principalmente, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e Paraíba.

O IBRAC estima que a capacidade instalada no Brasil é de 1,2 bilhões de litros/ano. A Cachaça é a segunda bebida mais consumida no país, perdendo somente para a cerveja, que é uma bebida fermentada. Entre as bebidas destiladas, detém preferência absoluta entre os brasileiros.

Seu consumo é quase 5 vezes maior que o do whisky (348 milhões de litros) e da vodca (270 milhões de litros). O Brasil possui capacidade instalada de produção de 1,2 bilhão de litros anuais, sendo 70% cachaça industrial e 30% cachaça artesanal (alambique). Atualmente, são mais de 40 mil produtores (5 mil marcas), sendo que as micro-empresas representam 99% deste universo.

“Com tantas opções de qualidade, os consumidores terão cada vez mais a possibilidade de melhores experiências sensoriais com a Cachaça, já que poderão comprar mais rótulos e descobrir a riqueza dos sabores”, declara Rafael Araujo, Co-Founder da Cachaçaria Nacional. A empresa é a maior loja de Cachaças Online do mundo e oferece mais de 1000 rótulos de Cachaças artesanais de alambiques das principais regiões produtoras do Brasil, além de acessórios para degustação, barris/dornas e linha gourmet.

Outros dados importantes são sobre o aumento das exportações da bebida em 2016. Segundo informações divulgadas pelo IBRAC, as exportações de Cachaça cresceram 4,62% em valor e 7,87% em volume, totalizando US$ 13,93 milhões e 8,3 milhões de litros. Mais de 60 países já consomem o “ouro líquido brasileiro”, especialmente Alemanha, EUA e Paraguai.


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