Soja e Milho | Ruan Seneanalista de mercado da Grão Direto

 

SOJA – Como o mercado se comportou na última semana – A semana que passou ficou marcada pela continuidade das quedas nos prêmios de exportação, aumento na expectativa de exportação pela Associação Nacional dos Exportadores de Commodities(ANEC) para o mês de abril e avanço de plantio nos EUA. Diante disso, o contrato com vencimento em maio/23 finalizou a semana sendo cotado a U$ 14,82 o bushel (-0,67%) e o contrato com vencimento em julho/23 encerrou a U$ 14,49 o bushel (-1,23%). O dólar fechou a semana em alta de 2,64%, com arcabouço fiscal em foco, finalizando a semana sendo cotado a R$ 5,06.

O mercado já esperava uma queda nos prêmios de exportação, embasada na super safra que o Brasil tem projetada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que hoje está estimada em 154 milhões de toneladas. De acordo com Ruan Sene, analista de mercado da Grão Direto, na semana passada, houve ainda mais quedas nos prêmios, com indicações de prêmios negativos para março de 2024, o que é sazonalmente esperado à medida que se aproxima o período de colheita da próxima safra brasileira.

O nível negativo dos prêmios para a soja disponível tem deixado muitos produtores relutantes a vender, o que justifica os altos níveis de volumes armazenados. Ainda assim, a ANEC tem projetado uma expectativa de exportação de 15,15 milhões de toneladas para o mês de abril, resultado da melhora climática para as operações portuárias.

Nos Estados Unidos, em todos os estados onde a cultura é plantada em volumes significativos, o plantio de soja está avançando em um ritmo acelerado, acima da média dos últimos 5 anos. Esse avanço indica que as condições climáticas estão favoráveis para os produtores norte-americanos e, como resultado, a colheita deve ocorrer no mesmo ritmo. Com a chegada da soja dos produtores dos EUA no mercado, as cotações de Chicago tendem a cair, o que por sua vez pode levar a uma queda nos preços da soja brasileira.

O dólar teve uma semana positiva, marcada principalmente pela apresentação da nova regra fiscal brasileira ao congresso, que recebeu críticas, principalmente no que diz respeito à arrecadação e gastos por parte do governo. No cenário internacional, a atenção está voltada para os discursos de agentes do Federal Reserve (Fed) e a divulgação de indicadores econômicos nos Estados Unidos, tais como as vendas de residências usadas e os pedidos de auxílio-desemprego.

De acordo com o analista de mercado da Grão Direto, a alta do dólar não foi o suficiente para dar sustentação nos preços da soja, que fechou a semana em desvalorização em relação à semana anterior.

O que esperado do mercado? –  O avanço do plantio nos EUA e as condições climáticas favoráveis tenderão a pressionar os preços em Chicago, mas vale exaltar que ainda é muito cedo para se ter qualquer certeza sobre a produção norte-americana. Neste momento, esse cenário pressiona Chicago para baixo.

Apesar das quedas previstas, os produtores devem atentar-se a movimentos de curto prazo no mercado, visto que quando os riscos são apontados, são abertas melhores oportunidades de vendas.

O dólar não terá uma agenda complexa, o que deixa o mercado mais aberto a ruídos. Prevalecerá o cenário interno, relacionado ao arcabouço fiscal e, no cenário externo, a divulgação dos números referentes aos pedidos de seguro-desemprego, na quinta.

O fluxo cambial, sazonalmente, é positivo nesta época do ano, visto que o Brasil exporta a maior parte da sua produção de soja, com negociações em dólares. A previsão de aumento no volume de exportação de soja pela ANEC deve exercer pressão baixista sobre o câmbio até o final de abril.

Diante desse cenário, Ruan Sene, analista de mercado da Grão Direto, acredita que a semana poderá ser marcada pela continuidade das quedas nas cotações brasileiras, pressionadas pela desvalorização do dólar e somado à queda de Chicago.

 

MILHO – Como o mercado se comportou na última semana – A semana anterior foi marcada pela evolução do plantio norte-americano, novos capítulos sobre o conflito geopolítico entre Rússia e Ucrânia e pressão de oferta de milho da segunda safra brasileira. Diante disso, as cotações de Chicago finalizaram a semana sendo cotadas a U$ 6,62 o bushel (-0,90%) para o contrato com vencimento em maio/23. O mercado físico brasileiro teve mais uma semana de desvalorização.

O mercado continua atento ao plantio e desenvolvimento das lavouras de milho na safra 2023/24 nos Estados Unidos. De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), até o dia 16/04, o plantio de milho atingiu 8% da projeção total. Esses números estão bem avançados em relação ao ano anterior (4%) e média dos últimos 5 anos (5%). O Texas é o estado mais avançado no plantio, com 65% da área já plantada, seguido da Carolina do Norte e Missouri, com 28% e 30%, respectivamente.

Na semana passada, houve uma retomada das inspeções de produtos agrícolas da Ucrânia no cenário internacional, o que aumentou a quantidade de milho disponível no mercado global. No entanto, a Polônia e a Hungria decidiram proibir temporariamente as importações de grãos da Ucrânia. Essa medida foi tomada após os agricultores desses países se queixarem de estar perdendo dinheiro devido ao excesso de cereais ucranianos no mercado, levando o governo a tentar acalmar o crescente descontentamento dos envolvidos.A evolução da segunda safra no Brasil continua sem problemas generalizados. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o plantio está tecnicamente concluído, com 99,8% da área projetada concluída. As lavouras do Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, apresentam bom desenvolvimento, favorecidos pela ocorrência regular de chuvas.

 

O que esperado do mercado? –  Diante do desenvolvimento da segunda safra de milho no Brasil, o mercado seguirá atento às condições climáticas. Segundo informações da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), há previsão de chuvas significativas para a região Centro-Norte do Brasil. Para os EUA, há previsões de chuvas em boa parte das regiões produtoras e aumento de temperatura, o que pode trazer mais velocidade no plantio.

A demanda pelo milho produzido nos Estados Unidos deve continuar alta, uma vez que há uma oferta abundante e acessível para ser negociada. Atualmente, os Estados Unidos têm uma vantagem comparativa em relação ao Brasil, que está enfrentando desafios logísticos na distribuição do produto.

Apesar da liberação das exportações pela Rússia na semana anterior, o país ameaçou cancelar o acordo de exportação do Mar Negro, caso o G7 (grupo formado pelos: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o Canadá), proiba as exportações para a Rússia. Isso causará bastante oscilação em Chicago.
Além disso, o mercado financeiro poderá continuar provocando interferências no mercado de milho. O Federal Reserve divulgou a intenção de aumentar as taxas de juros norte-americanas, mais uma vez. Isso deverá continuar gerando preocupações no financeiro internacional.

Segundo o analista da Grão Direto, Ruan Sene, o mercado do milho continuará passando por um período de desvalorização, pois ainda sofre os impactos da expectativa de uma safra cheia no Brasil.

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