O papel do consumidor no manejo florestal responsável e o crescente mercado de carbono

Por Alessandra Gaspar Costa, diretora-executiva da APCER Brasil

 

 

Nos últimos quatro anos, o desmatamento na Amazônia aumentou 60%, segundo dados compilados pelo Observatório do Clima. Um crescimento que entra em conflito com as metas estipuladas pelo Brasil: zerar o desmatamento ilegal até 2028 e restaurar 18 milhões de hectares de florestas até 2030.

Além dessa contradição, 87% dos consumidores brasileiros expressam sua preocupação ambiental na preferência por produtos de marcas que possuem práticas sustentáveis, como apontou a recente pesquisa da Union + Webster.

A população entendeu que detém uma parcela de responsabilidade sobre a proteção de florestas e do meio ambiente, independentemente das atitudes governamentais sobre o assunto. Para identificar um produto de origem sustentável, o selo FSC® é um dos símbolos de maior reconhecimento nacional.

As metas do Brasil e a exigência dos consumidores conversam diretamente com a missão do FSC® Forest Stewardship Council® (FSC® A000537) de promoção do manejo responsável das florestas, conciliando aspectos sociais, ambientais e econômicos. O FSC é uma organização independente e sem fins lucrativos, que criou o sistema de certificação florestal de maior credibilidade internacional.

Estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que o desmatamento ilegal das florestas representa mais de 90% da destruição de florestas no país e pode ser diminuído por meio da certificação FSC. Mais do que a garantia do cumprimento da própria organização de toda legislação em vigência, uma marca que leva este selo não possui parceiros que atuam ilegalmente em sua cadeia de custódia.

Mais do que nunca, todas as organizações devem passar a olhar para os processos de certificação como uma ação necessária e estratégica, que proporciona melhor posicionamento no mercado e consequentemente maior expansão, até mesmo para mercados internacionais. Além disso, contribui para a continuidade do negócio, visto que para conseguir zerar o desmatamento ilegal, as fiscalizações brasileiras devem crescer.

Além de nacional, a tendência de preservação florestal é global. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27) trouxe discussões acerca de soluções baseadas na natureza (NBS – Nature Based Solutions). Entre elas o lançamento oficial feito pelo diretor geral do FSC, Kim Carstensen, do Coalizão FSC pelo Clima – um fórum que reúne diversos setores na luta contra as mudanças climáticas.

A ideia é utilizar a credibilidade do FSC e formar parcerias para criar soluções climáticas a partir do uso da floresta. Esse grupo incluirá perspectivas de vários pontos da cadeira de valor “desenvolvedores de projetos, corporações, investidores, padrões de carbono certificado, representantes indígenas, grupos ambientais e órgãos de pesquisa.

A popularização do mercado de carbono ao redor do mundo – que foi de US$ 520 milhões, em 2020, a 1,98 bilhão de dólares, em 2021, crescendo quase 300%, como apontam dados do Ecosystem Marketplace (EM) – é um dos exemplos de NBS de sucesso.

O Brasil possui uma grande expectativa neste mercado. Em maio deste ano, foi assinado pelo Governo Federal o Decreto nº 11.075/2022, estabelecendo as bases para um mercado de carbono regulado, mas ainda sem previsão de uma regulamentação se concretizar.

A APCER é uma empresa de origem portuguesa, reconhecida mundialmente como um dos principais prestadores de serviços de certificação, auditoria a fornecedores, auditoria interna e treinamento. A organização oferece soluções de valor a instituições de qualquer setor de atividade, permitindo que se diferenciem em um mercado cada vez mais complexo e em constante mudança.

Assessoria de Comunicação da APCER Brasil