Vaqueiro responde diretamente pelos cuidados com o rebanho bovino. No dia de celebrar esta importante profissão, que também é um símbolo da cultura sertaneja no Brasil, veja como uma de suas funções, a ordenha, evoluiu ao longo dos anos

Profissional de extrema importância no campo, especialmente no que diz respeito à lida com o gado, podemos dizer que o vaqueiro é a nossa versão nacional do cowboy americano. Dependendo da região do País, ele também pode ser chamado de boiadeiro, gaúcho ou simplesmente peão.

A ocupação de vaqueiro surgiu ainda nos tempos do Brasil Colônia, quando as primeiras cabeças de gado bovino foram introduzidas pelos colonizadores portugueses nos sertões nordestinos, fato que explica a origem  do nome vaqueiro. Mas apesar de antiga, foi somente em 2013 que a profissão foi enfim regulamentada no País.

Mais do que uma simples profissão, o vaqueiro é também um dos principais elementos da cultura sertaneja do Brasil, por isso quem se dedica à tal ocupação aprende o ofício por meio das tradições orais, passadas de geração em geração.  “Eu e meus irmãos, desde pequenos, sempre acompanhamos o nosso pai, que sempre trabalhou com a lida no campo. E assim fomos aprendendo e quando pegamos uma responsabilidade, começamos a trabalhar em outras fazendas e sempre tinha uns serviços para levar ‘um gado’”, relata Craudomiro Messias Silva, que há 25 anos trabalha como vaqueiro em Goiás.

O vaqueiro, numa fazenda, responde diretamente pelos cuidados com a alimentação e conservação do rebanho, por isso o seu trabalho tem um grande impacto na qualidade do que se produz no campo. A extração do leite, por exemplo, está entre as importantes atribuições desse profissional. “Essa é uma tarefa que ficou mais fácil hoje em dia com os equipamentos de ordenha, mas ainda assim precisa do nosso acompanhamento, para ver, por exemplo, a limpeza dos copos de ordenha, das teteiras e também acompanhar o funcionamento da máquina, que às vezes pode dar algum problema”, relata Craudomiro.

Com as facilidades que a tecnologia levou ao campo, o experiente vaqueiro diz que não sente saudade do tempo em que o leite era tirado na mão. “Antigamente, para você tirar algo em torno de 200 litros você precisava de um dia inteiro e ainda não conseguia. Hoje, com 40 minutos você tira essa quantidade de leite ou até mais. Isso não só facilitou o nosso trabalho, mas também trouxe muito mais produtividade, higiene e ajudou muito na distribuição do produto”, avalia Craudomiro.

 

Impacto na qualidade – Para destacar o quanto é importante o trabalho desses profissionais na ponta inicial da cadeia econômica leiteira, o veterinário Gustavo de Sá Ferreira, supervisor de qualidade de leite cru da Marajoara, uma das maiores marcas de laticínio no País, explica que as condutas higiênico-sanitárias realizadas na propriedade rural têm grande impacto na qualidade do leite. “Esses procedimentos, quando não seguidos, podem prejudicar a eficiência dos tratamentos térmicos efetuados sobre o leite que chega à indústria”, pontua.

O veterinário também reconhece as vantagens que se tem hoje com a automatização da extração do leite, porém ele lembra que ainda assim outros procedimentos higiênicos-sanitários se fazem necessários. “Com a ordenha mecanizada o contato manual com o leite é o mínimo possível, o que influencia bastante na redução da contagem padrão em placas (CPP), que basicamente é a quantidade de bactérias encontradas no leite. Porém, a ordenha mecanizada também exige uma série de cuidados em relação a sua limpeza e sanitização, mantendo assim a integridade e qualidade do leite”, explica Gustavo.

 

Saúde do gado – Com a devida orientação do médico veterinário, o vaqueiro também tem um papel fundamental na manutenção da saúde do rebanho. “Nossa principal função é zelar pelo gado, então somos nós que estamos na lida diária que percebemos primeiro quando há algo de errado, como uma ‘bicheira’ ou alguma outra doença”, diz Craudomiro, ao acrescentar que também faz parte das atribuições de um vaqueiro a aplicação de muitos medicamentos veterinários.

Conforme o veterinário Gustavo de Sá, a infecção da glândula mamária, conhecida como mastite, compõem uma das principais causas que desempenham influência negativa sobre a qualidade e produção do leite. “A mastite hoje, se não devidamente tratada, traz uma série de impactos econômicos associados aos gastos com tratamento, à queda na qualidade do leite, ao aumento do descarte e aos efeitos da enfermidade que pode levar a perda dos quartos mamários e afetar para sempre o rendimento do animal. Nesse sentido, o principal responsável para a prevenção e combate a esta enfermidade é o ordenhador e/ou vaqueiro que está a frente da produção dia a dia”, esclarece o veterinário.

Gustavo acrescenta ainda que, para garantir ainda mais qualidade e integridade ao leite que recebe de seus produtores parceiros, a Marajoara conta com um extenso cronograma de assistência e visitas técnicas. “Fazemos um trabalho, que não só visa levar mais qualidade ao leite dos nossos fornecedores, mas que também leva assistência técnica no âmbito gerencial. Contamos também com uma empresa terceirizada que nos auxilia nas visitas técnicas realizadas nas propriedades. E tudo homologado pela SIPOA [Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal]”, informa o médico veterinário.


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