Promovido pela Humane Society International e World Animal Protection, o evento trouxe uma ampla articulação entre representantes de vários setores em torno das ações e compromissos voltados à proteção e promoção do bem-estar animal.

O tema bem-estar animal já ganhou força no agronegócio da América Latina, com um número crescente de empresas adotando ações mais fortes e consistentes para garantir melhores práticas no tratamento dos animais utilizados na produção de alimentos. Para aumentar o diálogo sobre essa mudança de mercado, foi realizado, nos dias 18 e 19 de novembro, o Simpósio Internacional – Bem-estar Animal: uma estratégia de negócios sustentável, no Hotel Belas Artes, em São Paulo. O simpósio contou com palestrantes de cinco países e mais de 150 profissionais da cadeia de suprimentos e de agropecuária da América Latina.

Promovido pela Humane Society International e World Animal Protection, o evento trouxe uma ampla articulação entre representantes dos setores alimentício, produtivo, varejista, financeiro e governamental em torno das ações e compromissos voltados à proteção e promoção do bem-estar de suínos e galinhas poedeiras.

Dra. Carolina Maciel, diretora da Humane Society International no Brasil
© Simpósio Internacional Bem Estar-Animal: uma estratégia de negócio sustentável

“A HSI aprecia a oportunidade de organizar e participar desse diálogo crítico entre empresas e produtores, enquanto trabalham na transição para sistemas de produção de ovos livres de gaiolas e celas de gestação para matrizes suínas. Em apenas dois anos, a participação em fóruns como esse mais que dobrou na América Latina, representando claramente o crescente interesse, apoio ao consumidor e a mudança do mercado para uma pecuária com maiores níveis de bem-estar animal. Como apontado por muitos dos palestrantes, a forma com que os animais são criados e as condições suportadas por eles, andam de mãos dadas com um futuro mais sustentável”, afirmou Carolina Maciel, diretora da Humane Society International no Brasil.

Consciente destas novas transformações, para as quais a cadeia produtiva precisa se adaptar a fim de se adequar ao novo consumidor, que agora foca em bem-estar animal e sustentabilidade, Mateus Paranhos da Costa, professor e doutor formado pela Universidade Estadual Paulista, e que palestrou sobre ‘desmistificação’ do bem-estar animal, disse: “A organização desse evento é extremamente oportuna, pois reforça e visibilidade para a necessidade de se integrar da questão do bem-estar animal como um dos critérios de sustentabilidade. São muitos os benefícios dessa integração, com implicações éticas e práticas para todas as cadeias produtivas da pecuária, dadas as evidências de que a promoção do bem-estar dos animais de produção tem potencial para contribuir para a manutenção de ambientes naturais equilibrados, de comunidades saudáveis e da vitalidade econômica das atividades pecuárias”.

Para complementar, Leonardo Lima, diretor Corporativo de Compromisso Social e Desenvolvimento Sustentável da Arcos Dorados, operadora da marca McDonald’s na América Latina e Caribe, afirmou: “A Arcos Dorados é uma empresa com longo histórico de investimento em iniciativas sustentáveis no Brasil e na América Latina e temos o desafio de encontrar novas oportunidades e usar nossa escala para gerar impacto positivo no planeta. Dentro dessa premissa, somos pioneiros em assumir metas desafiadoras de pecuária sustentável. Também já iniciamos a compra de ovos de galinhas criadas livres de gaiola e limitamos o uso de celas de gestação junto a fornecedores de carne suína. O bem-estar animal é uma de nossas prioridades e este Simpósio é uma oportunidade para discutirmos o assunto, tomar conhecimento das ações que vem sendo adotadas pela indústria e influenciar toda a cadeia”.

Com o objetivo de expandir a discussão e trazer um panorama internacional sobre os temas, o Simpósio contou com as palestras das especialistas Profa. Dra. Linda Keeling, da Universidade Sueca de Ciências Agrárias, para falar sobre o papel do bem-estar animal no desenvolvimento sustentável e a Profa. Dra. Natalie Waran, da Nova Zelândia, que falou sobre a relação entre a saúde humana e o bem-estar animal.

 

Cases de Sucesso – Um exemplo de transição bem-sucedida para a produção de ovos livres de gaiolas é a Planalto Ovos (Brasil), empresa produtora de ovos, que foi representada por Daniel Mohallen, um dos sócios e o veterinário responsável da empresa: “A realização deste simpósio internacional é de suma importância para a consolidação e o reconhecimento dos métodos produtivos voltados para o bem-estar animal, principalmente por conter discussões com bases científicas entre estudiosos, pesquisadores e participantes da cadeia de produção. O cuidado com os animais é muito mais que uma tendência: é uma preocupação mundial. Nós da Planalto Ovos nos sentimos privilegiados de fazer parte deste grande evento”.

O Simpósio integra as ações da World Animal Protection e da Humane Society International realizadas mundialmente com o objetivo de pôr fim ao sofrimento desnecessário dos animais de produção. “O tema tem sido largamente discutido desde os anos 70, quando na Europa os consumidores começaram a se mobilizar sobre a forma como os animais eram criados. No Brasil, o público tem se preocupado cada vez mais com o bem-estar animal. Esse é um ponto que interfere diretamente na decisão de compra em muitos países e no Brasil esse comportamento tende a crescer. Por isso, as empresas têm colocado o tema entre suas estratégias de negócios”, salienta José Rodolfo Ciocca, gerente de Agropecuária Sustentável da World Animal Protection. Segundo pesquisa da organização, 68% dos brasileiros consomem carne pelo menos quatro vezes por semana. Destes, 82% estão preocupados com a origem das proteínas – prova de que o bem-estar e a sustentabilidade dos animais são importantes para o mercado.


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