Tendências globais em agricultura inteligente incluem tecnologias de imagem e sensoriamento, ferramentas de automação, drones e inteligência artificial (IA)

Com a expectativa de que a população mundial ultrapasse 10 bilhões até 2050, o desafio de produzir alimentos suficientes nunca foi tão grande. Um novo relatório do Observatório de Patentes e Tecnologia da Organização Europeia de Patentes (OEP) destaca como as tecnologias digitais estão ajudando a atender a essa demanda de forma sustentável. Segundo o estudo, os pedidos de patentes em agricultura digital têm registrado um crescimento médio de 9,4% ao ano — três vezes a taxa média de crescimento em todas as demais tecnologias.

“A agricultura digital avança em um ritmo sem precedentes, transformando a forma como produzimos alimentos diante de desafios globais urgentes”, afirmou o presidente da OEP, António Campinos. “Ao alinhar pesquisa e tecnologias às necessidades do mundo real e fortalecer a cooperação global, apoiados por um sistema de patentes sólido e por plataformas abertas de conhecimento, podemos construir sistemas alimentares resilientes e justos.”

 

Agricultura digital ao redor do mundo – O Brasil se destaca como um ator-chave no mais recente relatório da OEP sobre agricultura digital. O país produz alimento suficiente para abastecer uma em cada dez pessoas no mundo e consolida sua posição como um dos principais polos de inovação sustentável e digital no agronegócio.

A Europa segue na liderança em atividade de patentes para tecnologias de agricultura digital, apoiada por um ecossistema próspero de 194 startups e 125 universidades ativas na área. O relatório também revela crescimento acelerado na Ásia e na América Latina. A Ásia ultrapassou a América do Norte em pedidos de patentes em 2020, enquanto a América Latina registrou uma taxa de crescimento anual de 11% no período de 2000 a 2022.

O relatório dedica foco especial à América Latina. Com base no desempenho histórico de produção e exportação entre 2010 e 2020, projeta-se que, até 2050, a região poderá fornecer de dois a três em cada cinco frutas e hortaliças globalmente (World Economic Forum, 2024). O estudo destaca avanços em tecnologias agrícolas sustentáveis no Brasil, Chile, Colômbia, Peru e México. Além disso, os institutos nacionais de patentes desses cinco países contribuíram com análises para o relatório, ressaltando como os sistemas de inovação de cada um estão aproveitando as tecnologias de agricultura digital para fortalecer a segurança alimentar, o desenvolvimento rural e a competitividade econômica.

De acordo com um estudo publicado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), o Brasil ocupa a nona posição global como fonte de patentes em agricultura sustentável. A média mundial mostra que 15,7% das invenções em agricultura sustentável no Brasil estão relacionadas à agricultura digital, acima da média global. Além disso, uma em cada cinco invenções em agricultura digital é depositada no INPI por requerentes locais, uma proporção que dobrou ao longo da década de 2010.

O agronegócio no Brasil é intensivo em tecnologia e, portanto, vem avançando cada vez mais em inovação para um futuro sustentável, com a participação decisiva de instituições como a Embrapa”, disse Julio César Moreira, presidente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial. “Nesse contexto, o INPI contribui para estimular o uso estratégico da propriedade intelectual, inclusive na Região Amazônica, fomentando a geração de emprego, renda e desenvolvimento para todos os brasileiros”.

 

Tecnologias que impulsionam a transformação – Tecnologias transversais como imagem e sensoriamento estão moldando o cenário da agricultura digital, ao lado de inovações que permitem aos agricultores automatizar tarefas como pulverização e colheita com maior precisão e eficiência. Desde 2018, o uso de drones e IA disparou, apoiando o monitoramento em tempo real e a análise preditiva em operações agrícolas.

A inovação global nesse campo é cada vez mais impulsionada pela indústria, com as empresas respondendo por 88% dos depósitos de patentes em agricultura digital em 2022. Entre os principais inovadores estão fabricantes globais de máquinas agrícolas como John Deere (EUA), CNH Industrial (Holanda/Reino Unido), Claas (Alemanha), Kubota (Japão) e Amazonen Werke (Alemanha).

 

Tecnologia brasileira reduzir perdas de safra por eventos climáticos extremos – Na vanguarda da inovação agrícola brasileira está a empresa pública Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Uma unidade especializada, a Embrapa Agricultura Digital, é dedicada exclusivamente ao desenvolvimento de soluções digitais para o campo. Sua missão é oferecer ferramentas como softwares, bancos de dados, sistemas de monitoramento e aplicativos que melhorem a tomada de decisão, a gestão e o acompanhamento da produção agrícola.

Um dos projetos de destaque da Embrapa é o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), um aplicativo móvel baseado em modelos agrometeorológicos avançados. O ZARC auxilia os produtores a identificar regiões e períodos de plantio mais adequados, calculando a probabilidade de perdas de safra devido a eventos meteorológicos. Isso oferece aos produtores rurais uma ferramenta orientada por dados para minimizar riscos associados à variabilidade climática, aumentando a resiliência no planejamento agrícola.

Com 6.300 colaboradores, a Organização Europeia de Patentes (OEP) é uma das maiores instituições de serviço público da Europa. Sediado em Munique, com escritórios em Berlim, Bruxelas, Haia e Viena, a OEP foi fundado com o objetivo de fortalecer a cooperação em matéria de patentes na Europa. Por meio do procedimento centralizado de concessão de patentes da OEP, os inventores podem obter proteção de patentes de alta qualidade em até 46 países, cobrindo um mercado de cerca de 700 milhões de pessoas. A OEP também é a principal autoridade mundial em informação e busca de patentes.

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