Tarifaço de Trump: impactos imediatos e desafios estratégicos para o Brasil

Por José Carlos Cardoso Antunes, Sócio-Membro do Tax Group – Inteligência Tributária

 

O anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos, feito por Donald Trump no final de julho de 2025, representa uma ruptura drástica nas relações comerciais entre os dois países. Em vigor desde 6 de agosto, a medida atinge setores estratégicos e pressiona toda a cadeia exportadora brasileira.

O efeito prático dessa medida é uma retração severa no comércio bilateral e a necessidade urgente de reposicionamento do Brasil no cenário internacional.

 

Quem perde mais?Entre os produtos mais impactados estão carne bovina, café, frutas, calçados, têxteis e móveis — itens em que os EUA figuram como principais compradores. A imposição da tarifa compromete margens, reduz competitividade e já levou à suspensão de embarques e férias coletivas em estados como Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Paraná.

Em contrapartida, setores como aeronáutico, automotivo, energético e parte do agro (como suco de laranja e castanha-do-pará) foram poupados da tarifa. Ainda assim, a medida afeta diretamente importantes Estados do país, como São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

 

Risco de efeito dominóAlém do impacto direto nas exportações, o tarifaço pode provocar desorganização logística, queda na produção, demissões em massa e aumento nos custos internos, caso o Brasil opte por medidas retaliatórias. A ameaça à estabilidade cambial também preocupa, podendo afetar o controle inflacionário e a previsibilidade econômica.

 

Como o Brasil pode reagir?O governo federal avalia uma resposta baseada em cinco frentes principais:

  1. Diversificação de mercados – Acelerar acordos com países da Ásia, África e América Latina para redirecionar as exportações mais afetadas.
  2. Estímulo à industrialização local – Investir em agregação de valor e reduzir a dependência de commodities.
  3. Fomento ao consumo interno – Apoiar a estocagem e promover a demanda doméstica para mitigar perdas de receita.
  4. Articulação internacional – Unir forças com outros países atingidos para encontrar outros destinos para os nossos produtos.
  5. Estabilidade fiscal e cambial – Atuar preventivamente para conter os impactos macroeconômicos.

 

Hora de rever estratégiasO tarifaço é um sinal claro da fragilidade de depender de poucos mercados e da urgência em diversificar canais de escoamento da produção brasileira. Ao mesmo tempo, é um convite para reavaliar políticas de exportação e reforçar a inteligência tributária como ferramenta estratégica.

A medida de Trump ainda pode ser revista ou suavizada, mas o alerta foi dado: o Brasil precisa se preparar para um cenário global mais protecionista e imprevisível.

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