A tecnologia blockchain possibilita que produtores rurais possam vender de forma antecipada sua safra nacional ou no mercado internacional de modo mais simples, com qualidade e menor custo

A tokenização de ativos tem sido um dos assuntos mais falados nos últimos anos, se tornando uma tendência de mercado de diversos segmentos, dentre eles o mercado agropecuário. Enxergando todo esse potencial para o mercado brasileiro, a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), deu destaque a essas discussões durante a última edição do Fintouch, maior evento do calendário focado no mercado de fintechs da associação, realizado em setembro deste ano contou com a participação José Angelo Mazzillo Júnior (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) entre outros especialistas do mercado.

Na ocasião, os especialistas tiveram um importante papel em contextualizar o cenário atual do mercado, ganhos expressivos na produção agrícola, a oportunidade levada pela inovação para as startups do setor e a influência das empresas de tecnologia com soluções financeiras ou operacionais para as fazendas. Esses fatores  têm sido determinantes para que o setor possa caminhar para uma direção de democratização, acompanhado paralelamente com a criação de tokens financeiros que podem ser atrelados ao preço de commodities agrícolas permitindo a realização de investimentos com mais facilidade e assertividade.

“A desmaterialização dos títulos de crédito do agronegócio, como por exemplo, a transformação de Cédulas de Produto Rural (CPRs) de um documento “físico” para um “eletrônico”, abriu porta para que essas transações também se transformassem em Ativos Digitais, logo chamando a atenção de empresas tokenizadoras, que  perceberam o potencial de atuação no agronegócio. Atualmente, a CPRs representa até 1/3 de todo o crédito cedido na cadeia de insumos, este valor atualmente pode chegar a R$ 50 bilhões anualmente, ou seja, qualquer fração transformada em tokens para investidores traria e pode trazer um bom volume de novo capital para o setor”, comenta Jônatas Couri, membro da vertical de agtech da ABFintechs.

O setor tem apresentado um crescimento de 3% ao ano em produtividade impulsionado por novas tecnologias e pesquisas, a soma de bens e serviços gerados no agronegócio chegou a quase R$ 2 trilhões ou 26,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020. Esses números mostram a grande chance do Brasil em se tornar o celeiro de tecnologia para o agronegócio no mundo e é um segmento fértil para a inovação e atuação das fintechs que crescem na esteira do potencial econômico do campo.

“As expectativa é que com a Internet das Coisas (IoT) trazendo rastreabilidade nos milhares de armazéns de commodities agrícolas espalhados no Brasil, o poder de conexão do produtor rural por meio de diversos aparelhos e a abertura do mercado de capitais para o amplo leque de títulos do agronegócio com potencial de tokenização, atraia cada vez mais as empresas do setor financeiro que ofereçam produtos e serviços financeiros e soluções mais ágeis como também a possibilidade da utilização de tokenização de ativos”, complementa Couri.

A Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), fundada em 2016 por empreendedores de quatro fintechs, possui mais de 500 associadas e tem como missão garantir que o maior número possível de Fintechs se tornem realidade como negócio, além de fazer do Brasil uma referência em inovação no setor financeiro, passando a ser um fornecedor para o mundo de inovação disruptiva em finanças. Com importante papel no desenvolvimento de questões regulatórias, a Associação realiza um trabalho próximo a Agências Reguladoras e Autarquias como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Banco Central do Brasil (BCB), Superintendência de Seguros Privados (Susep), Ministério da Economia, dentre outras, com importantes conquistas alcançadas até o momento como a Instrução CVM 588, Resolução 4656 do BC e Sandbox regulatório. Conta com representantes no Comitê Nacional de Iniciativas de Apoio a Startups, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, foi indicado como órgão oficial na estrutura de governança do Open Banking no Banco Central.

VCRP Brasil