Unidade da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP é estratégica para comércio de produtos agropecuários e para garantir a saúde das plantas, animais, meio ambiente e consumidores

O Instituto Biológico comemora seus 93 anos neste dia 10 de novembro de 2020. Referência no Brasil e no exterior em pesquisas científicas relacionadas à sanidade animal, vegetal e proteção ambiental, o Instituto é considerado estratégico pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo para que o agro paulista e brasileiro ganhe e mantenha seus produtos nos principais mercados consumidores do mundo.

Esta relevância, segundo Ana Eugênia de Carvalho Campos, diretora geral do IB, se dá pela instituição trabalhar com saúde, seja ela das plantas, dos animais, do meio ambiente e, consequentemente, dos consumidores. “O IB está sempre antenado às exigências do mercado e da população nas questões relacionadas ao alimento seguro. Nossas pesquisas estão focadas na solução desses problemas”, afirma.

Para garantir a saúde de todo esse ecossistema, o IB atua no desenvolvimento científico, na participação de programas estratégicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), além de prestação de serviços para o setor de produção. Por ano, mais de 200 mil diagnósticos são realizados pelo Instituto de pesquisa paulista, por exemplo.

“Hoje os mercados, sejam eles nacionais e internacionais, exigem a sanidade como peça-chave para importação e exportação de produtos e essas análises são fundamentais para isso”, explica Antonio Batista Filho, coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), instituição responsável por coordenar os seis Institutos de Pesquisa e 11 Polos Regionais do agro paulista.

O aniversário do Instituto será celebrado com um vídeo que será disponibilizado no Youtube em 10 de novembro, às 8h30. Esta será uma ação de abertura do 18º Congresso de Iniciação Científica em Ciências Agrárias, Biológicas e Ambientais (CICAM), que será realizado de forma totalmente online neste ano devido à pandemia de Covid-19.


Trabalho do IB ajuda a mudar a realidade de pequenos produtores de leite do Vale Histórico do Rio Paraíba

Projeto reduziu em 25% os custos com antibiótico para tratamento da mastite e em 60% o número de produtores que não conseguiam controlar a doença

Produtor passou a produzir seus próprios produtos © SAASP

Conhecimento aliado à aplicabilidade pode ser a equação perfeita para melhoria da qualidade de produção – e de vida – de pequenos produtores rurais. Foi o que aconteceu com os 22 produtores de leite do Vale Histórico do Rio Paraíba, localizados nos municípios de São José do Barreiro e Areias, que contaram com o auxílio da pesquisa cientifica para tratar de um problema grave e silencioso na produção leiteira: a mastite. Juntos, os dois municípios produzem cerca de 24 milhões de litros de leite por ano.

O projeto do IB na região se iniciou em 2017, após recebimento de demanda por parte dos pequenos e médios produtores dos municípios, que tinham problemas relacionados ao controle da mastite, uma doença que pode causar até 40% de perda na produção de leite, além de reduzir a qualidade final do produto, o que impacta no preço pago ao produtor.

A partir do trabalho de coleta, análise laboratorial e orientação aos produtores pelo IB foi possível reduzir em 25% o valor gasto com produtos veterinários e diminuir em 60% o número de produtores que tinham dificuldade em controlar a doença. Os dados são da SEI – Assessoria em Sustentabilidade, parceira do projeto.

“Muitas vezes, o produtor compra um antibiótico inadequado para o tratamento da mastite. É comum que eles comprem o produto mais vendido no mercado, sem conhecer o agente que está causando a doença, o que reduz a eficiência do medicamento. Com esse projeto, coletamos materiais e fizemos análise para saber qual bactéria era causadora da doença e qual o melhor medicamento para tratá-la”, explica Alessandra Nassar, pesquisadora do IB.

Segundo Alessandra, essa análise cuidadosa para escolha do medicamento também é importante porque alguns antibióticos não são indicados por gerarem resíduo na produção de leite, deixando o produto impróprio para o consumo.

Para João Paulo Altenfelder, sócio gestor da SEI – Assessoria Sustentabilidade, o projeto mostra o resultado positivo quando se alia conhecimento e aplicabilidade, dois pontos-chaves da atuação do IB. “O conhecimento sem a aplicabilidade não significa nada para esses produtores. O Instituto foi um parceiro de grande importância por aliar esses dois pontos, capazes de mudar a realidade dessas famílias”, afirma.

De acordo com Ricardo Moraes Vicalvi, diretor de comunicação corporativa, responsabilidade social e assuntos institucionais da Zoetis, empresa patrocinadora de todo o projeto, que também contou com transferência do conhecimento em genética, reprodução, manejo e gestão da propriedade, o grande benefício da ação foi levar conhecimento para um público que muitas vezes não consegue participar de treinamentos ou fazer cursos, seja por falta de tempo, como também distância e até mesmo recursos financeiros.

“Quase todos os municípios brasileiros possuem atividade leiteira e a grande maioria dos produtores são considerados pequenos e médios. Por meio deste projeto, levamos conhecimento com aplicação prática aos produtores. Ao longo de dois anos, eles aumentaram sua produção em 20% em média, obtendo assim maior qualidade de vida e renda disponível para melhorar seu rebanho, suas propriedades e embarcar em um ciclo virtuoso”, conta.

 

22 produtores foram beneficiados com o projeto © SAASP

“O projeto foi nota dez”, afirma produtor – Marcio Braga Diniz, pequeno produtor de leite de São José do Barreiro, estava com dificuldade para controlar a mastite em suas 30 vacas leiteiras. A partir do trabalho realizado pelos pesquisadores do Instituto Biológico aprendeu como deveriam ser as práticas de higiene para a ordenha dos animais, o que o ajudou a controlar a doença no seu rebanho.

“O projeto foi nota dez. Me ajudou muito mesmo, porque aqui eu não tinha veterinário para me ajudar e eu não estava conseguindo resolver esse problema. Hoje, meu leite tem ótima qualidade e em vez de eu vendê-lo para a indústria de leite, passei a fabricar meus próprios produtos, como queijo, manteiga, doces e bolachas”, conta o produtor, que entrega seus quitutes, da marca MBD, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O produtor conta que, atualmente, mantém 17 vacas em seu rebanho, mas tem produção maior do que quando tinha quase o dobro de animais. “Antes eu tinha muita vaca e pouco leite. Agora tenho pouca vaca e bastante leite”, constata.

 

Conhecimento é contínuo – Como a ciência é um processo contínuo, feito a muitas mãos, o projeto piloto do IB ganhará mais profundidade a partir do desenvolvimento de uma pesquisa de doutorado, conduzida pela pesquisadora científica e aluna da Pós-Graduação em Sanidade, Segurança Alimentar e Ambiental no Agronegócio do Instituto, Vanessa Castro.

A pesquisa orientada por Alessandra Nassar tem como ineditismo a educação sanitária dos produtores rurais, avaliação de aspectos econômicos e sociais da mastite em duas importantes regiões produtoras de leite em São Paulo, o Vale do Paraíba e Araçatuba.

A ideia do projeto é acompanhar dois perfis de produtores: os pequenos e os tecnificados para verificar a ocorrência da doença. O projeto prevê a realização de visitas aos produtores, coleta de amostras, análises laboratoriais e transferência de tecnologia e conhecimento. “Além de juntar os pontos da educação sanitária e avaliação econômica e social, o projeto tem potencial para descobrir o gene da resistência do principal agente causador da mastite”, conta Vanessa.

O compartilhamento de conhecimentos relacionados à educação sanitária é fundamental, segundo as pesquisadoras, pois esta é uma das principais medidas para evitar a ocorrência da doença tanto na mastite subclínica, quanto na mastite ambiental. “Algumas medidas são bastante simples e podem fazer grande diferença para evitar a doença, como lavar muito bem as mãos e instrumentos utilizados com os animais, o uso de solução iodada antes e depois da ordenha e utilização de material descartável para secar os tetos das vacas”, explica Vanessa.

Alessandra completa com outra dica: após a ordenha manter as vacas em ambiente limpo e concretado por pelo menos 20 minutos. Só depois desse tempo os animais devem ser levados ao pasto. “Isso porque leva um tempo até o teto se fechar, impedindo a entrada de bactérias. Se a vaca vai para o pasto, ela vai se alimentar do capim e depois se deitar em um ambiente que pode ter bactérias, o que poderá resultar na mastite ambiental”, diz a pesquisadora.

A pesquisa também contará com o apoio dos pesquisadores Daniel de Jesus Cardoso de Oliveira, da Unidade do IB em Araçatuba, e Sergio Monteiro e Ricardo Harakava, pesquisadores do IB de São Paulo.


Assessoria de Comunicação
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo