Uma surpresa positiva para o setor de preservação de madeira

Por Silvio Lima

Silvio Lima é especialista em tratamento de madeira e gerente comercial da área industrial da Montana Química © Divulgação

Muitas das previsões negativas feitas no início da pandemia sobre a economia no país têm, infelizmente se concretizado. Recentemente o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro amargou uma queda de 11,4% no segundo trimestre, em relação ao mesmo período de 2019, e de 9,7% ante os três primeiros meses deste ano.

O agronegócio vem sendo a principal força para amenizar essa queda. O PIB da agropecuária, por exemplo, registrou crescimento (pequeno, sim, mas ainda um crescimento) de 0,4% no segundo trimestre, sobre o trimestre anterior.

Entre os segmentos que se mostraram resilientes ante as previsões negativas do início do ano está o de preservação de madeira. Segundo levantamento da Montana Química, esse mercado teve um aumento de pelo menos 30% no primeiro trimestre – e o agronegócio, mais uma vez, explica esse resultado.

A demanda por madeira de plantio tratada industrialmente para o agronegócio tem como principal causa a alta na procura internacional por proteínas na alimentação humana, em especial por parte da China, fenômeno decorrente da própria pandemia de Covid-19.

O consumo de carnes e até mesmo de frutas e hortaliças teve alta global nos últimos meses, o que levou o agronegócio brasileiro a expandir a pecuária, a suinocultura, a avicultura, entre outros. Isso exige a construção de mais cercas e áreas de confinamento, aquecendo o mercado de madeira de plantio e, consequentemente, de madeira tratada.

Para ficarmos em um exemplo, quase 60% da exportação brasileira de carne bovina in natura e processada foi para a China no acumulado até julho deste ano: 634,6 mil toneladas de um total de 1,1 milhão de toneladas. No mesmo período do ano passado, a China havia importado 381,3 toneladas. Estes números são da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos).

Ao mover as engrenagens de outras cadeias, o agronegócio acaba não só favorecendo a economia, como também o meio ambiente, uma vez que o mercado de plantio de árvores é totalmente sustentável.

Segundo dados da Associação Brasileira de Preservadores de Madeiras, cerca de 2,4 milhões de m³ de madeira tratada são fornecidos anualmente para os setores rural, elétrico, construção civil e ferroviário. O segmento rural representa cerca de 65% dessa demanda.

De acordo com dados do Ibá (Instituto Brasileiro de Árvores), associação que representa a cadeia produtiva de árvores plantadas no país, o setor movimentou R﹩ 86,6 bilhões em 2018, ano em que a área total de árvores plantadas no Brasil alcançou 7,83 milhões de hectares – e para cada 1 hectare de floresta plantada no país, conserva-se outro 0,7 hectare de área natural.

O setor de construção civil também parcela no aquecimento do mercado de madeira tratada. De acordo com o boletim Cielo, que mede o impacto da Covid-19 no varejo, o segmento de materiais de construção acumula alta acumulada de 8% de 1 de março a 8 de agosto – ante uma queda acumulada de 24,6% do varejo como um todo.

Como as pessoas estão mais dentro de casa, com mais tempo para observar pequenos problemas estruturais, aproveitam para fazer pequenas reformas. Não podemos nos esquecer de que também há mais pessoas indo para ou ficano no interior e áreas rurais, com isso, está havendo alta em reformas em casas de campo, sítios, chácaras. A madeira entra em tudo isso.

De acordo com o boletim Focus, do Banco Central, previsão mais recente é a de que o PIB brasileiro feche 2020 em queda de 5,02%. O pico foi em junho, quando a queda prevista era de 6,54%. Lembrando que a previsão no início do ano, dia 6 de janeiro, antes de tudo isso começar, era de avanço de 2,3%.

Se as previsões vão se concretizar, só o futuro dirá. O que podemos dizer no presente é que os setores da indústria de preservação de madeira e do varejo na construção civil têm ajudado a segurar uma queda maior da economia brasileira neste tempo de crise.


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