Sem planejamento, empresas correm risco de perder o legado construído por gerações
A sucessão familiar segue como um dos maiores desafios das empresas brasileiras. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 90% dos empreendimentos no país têm origem familiar, mas poucos se planejam para a transição de comando, o que pode gerar conflitos, perda de produtividade e até o fechamento do negócio.
O cenário é confirmado por dados do Banco Mundial: apenas 30% das empresas familiares conseguem chegar à terceira geração, e menos de 15% sobrevivem à sucessão desse ciclo. A falta de planejamento sucessório coloca em risco não apenas o presente da empresa, mas todo o legado construído ao longo de décadas.
Para a pós-doutora em Contabilidade Ivone Vieira Pereira (foto), o ponto-chave está na antecipação. “Não faz parte da nossa cultura estudar sobre isso. Nem sobre inteligência financeira, ou sobre inteligência na sucessão. Mas muitos já estão começando a se planejar, e é importante que comecem agora”, defende.
Segundo a especialista, a urgência do tema se intensifica com a proximidade da Reforma Tributária. “A gente já tem previsão de que o Imposto Sobre Transmissão vai ser majorado. Em algumas regiões do país, vai ser extremamente majorado”, alerta Ivone. A recomendação é que os interessados iniciem o processo de sucessão ainda em 2025, a fim de evitar impactos negativos em 2027, quando as novas regras devem entrar em vigor.
Entre as estratégias recomendadas estão a definição de papéis, uso de instrumentos jurídicos, institucionalização de processos e criação de conselhos consultivos. “É preciso pensar em todo o patrimônio construído por um longo período de anos, muitas vezes sofrido. Então, proteger isso com estratégia é a melhor sugestão”, conclui Ivone.
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