Tarifaço e Guerra Fiscal: desafios e oportunidades para o Agro

Por José Carlos Cardoso Antunes, Sócio-Membro do Tax Group  –  Inteligência Tributária

 

O recente “tarifaço” anunciado por Donald Trump em abril de 2025 reacendeu uma dinâmica preocupante para o comércio internacional: o uso agressivo de tarifas como instrumento de pressão econômica. Em meio a esse cenário de guerra fiscal, o setor do agronegócio brasileiro se vê diretamente impactado, tanto por desafios imediatos quanto por oportunidades estratégicas.

Com tarifas que passam de 50% sobre importações, aplicadas a mais de 180 países, inclusive o Brasil, os efeitos dessa política protecionista são sentidos de maneira intensa. O agronegócio, setor vital da economia brasileira, é um dos mais sensíveis a esse tipo de tensão global, já que depende fortemente do Comércio Exterior e da estabilidade das cadeias globais de suprimento.

 

Impactos diretos no Agro –Embora o Brasil tenha sido enquadrado na tarifa mínima de 10% pelos EUA, a medida representa um custo adicional para produtos agrícolas exportados ao mercado norte-americano, um dos principais destinos das commodities brasileiras. Exportadores de soja, carne e açúcar, por exemplo, podem enfrentar uma perda de competitividade frente a concorrentes isentos ou com tarifas menores.

Além disso, a imposição de tarifas eleva os custos logísticos e de insumos importados, que são essenciais para a produção agrícola. Fertilizantes, defensivos agrícolas e maquinário podem sofrer aumentos de preços, pressionando ainda mais as margens dos produtores rurais.

 

Reorganização das cadeias produtivas –Outro ponto crítico é a reorganização das cadeias globais de fornecimento. Com o aumento das tarifas, muitos países estão revisando seus parceiros comerciais. O Brasil, neste contexto, tem a oportunidade de ampliar suas relações com mercados asiáticos e europeus, que também buscam alternativas frente à instabilidade criada pelo protecionismo americano.

A migração de investimentos e fábricas para regiões com condições fiscais mais favoráveis pode, inclusive, beneficiar o agronegócio brasileiro, desde que haja políticas internas eficazes para atrair capital estrangeiro e fomentar a industrialização de produtos agrícolas.

 

Respostas do Brasil –O governo brasileiro já começou a se movimentar. Estuda-se a adoção de medidas compensatórias, como subsídios e incentivos específicos para o setor agroexportador, a fim de mitigar os efeitos do tarifaço. Além disso, reforçar alianças com o Mercosul e os BRICS torna-se estratégico, ampliando o acesso a mercados menos voláteis.

Há também uma ênfase em acelerar negociações com a China, a União Europeia e países do Sudeste Asiático. O agronegócio pode se beneficiar desses acordos, diversificando destinos de exportação e reduzindo a dependência de mercados instáveis.

A guerra fiscal instaurada pelo tarifaço de Trump traz riscos consideráveis ao agronegócio brasileiro, como aumento de custos, perda de competitividade e incertezas comerciais. Contudo, o momento também exige visão estratégica: há espaço para redefinir parcerias, melhorar a eficiência produtiva e fortalecer a presença brasileira em novos mercados.

Para o setor agro, a palavra de ordem é adaptação. Em um mundo cada vez mais volátil, o Brasil precisa agir com inteligência tributária e diplomática para proteger seu maior ativo econômico: a força do campo.

O Tax Group é uma das firmas líderes do mercado tributário no Brasil. Hoje somos mais de 500 profissionais em mais de 185 escritórios espalhados pelo Brasil, com alta especialização nas áreas fiscal, contábil e tributária. Nosso propósito é cuidar, empoderar e surpreender pessoas e organizações para construírem um mundo tributário melhor. O Tax Group é uma das marcas do Grupo Fiscal, empresa contábil.

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