Resistência de patógenos aos fungicidas tradicionais reforça a necessidade de estratégias mais amplas, que envolvem tecnologias biológicas com ação protetiva, direta e indução de resistência nas plantas

As doenças foliares seguem como um dos principais entraves à produtividade da soja no Brasil. Patógenos como Phakopsora pachyrhizi (ferrugem-asiática) e os causadores das doenças de final de ciclo (DFCs), como a mancha-alvo (Corynespora cassiicola) e a mancha-parda (Septoria glycines), têm causado prejuízos bilionários e exigido cada vez mais atenção dos produtores no planejamento da safra. A dificuldade de controle e o avanço da resistência fúngica aos ingredientes ativos químicos comprometem a eficácia dos programas tradicionais e reforçam a necessidade de estratégias integradas de manejo, com foco na prevenção e no uso de tecnologias complementares.

De acordo com dados da Embrapa Soja, os principais programas de controle químico para DFCs e mancha-alvo apresentaram índices de eficácia variando entre 32% e 66%, mesmo com combinações de fungicidas consagrados com o passar dos anos. Em paralelo, os custos com fungicidas químicos representam, em média, 16% dos custos totais com insumos, segundo dados estimados pela equipe técnica de mercado na Nitro, empresa brasileira especialista em insumos agrícolas de nutrição e biológicos. O estudo diz ainda que a taxa média de sucesso no controle dessas doenças é de apenas 60%. “A pressão das doenças foliares sobre a soja aumentou consideravelmente e o produtor precisa estar atento. O manejo preventivo, com uso de biofungicidas, é uma das principais estratégias para manter o controle eficaz e reduzir perdas”, alerta Lana Gaias, engenheira agrônoma e gerente do desenvolvimento de mercado do time de biológicos da Nitro.

Segundo a especialista, o comportamento dessas doenças mudou nos últimos anos. “A pressão de inóculo aumentou, as janelas de infecção se ampliaram e os fungicidas convencionais passaram a apresentar menor eficácia. Isso exige do produtor uma mudança de postura, com foco no manejo preventivo e uso de tecnologias biológicas que promovem ação multissítio e reduzem a pressão de seleção de resistência”, alerta.

Dados do FarmTrak/Kynetec 2024 indicam que mais de 113 milhões de hectares já são potencialmente tratados com soluções biológicas no Brasil, sendo apenas 8 milhões de hectares com biofungicidas. Isso mostra um potencial de expansão significativo, sobretudo diante da necessidade de reduzir a dependência dos produtos químicos. Apenas 7% dos produtores brasileiros utilizam fungicidas de origem biológica, o que abre uma janela de oportunidade para tecnologias mais sustentáveis e eficientes. “O uso de tecnologias à base de Bacillus, com ação por barreira e indução de resistência, tem se mostrado essencial no enfrentamento das doenças de difícil controle”, pontua Lana. Ela explica que os biofungicidas deste gênero microbiano atuam em múltiplos alvos e fases do ciclo da planta, promovendo o controle direto dos patógenos e o estímulo à defesa natural das lavouras.

Estamos falando de uma abordagem que alia sustentabilidade, inovação e eficácia agronômica. O produtor precisa enxergar o biológico não como substituto, mas como parceiro estratégico no manejo integrado”, enfatiza.

A agrônoma também destaca que o uso recorrente e isolado de fungicidas sítio-específicos contribui para o surgimento de biótipos resistentes — fato já alertado pelo FRAC Brasil, que não recomenda mais do que duas aplicações desse tipo por ciclo da cultura. “A diversificação de modos de ação é fundamental para garantir a longevidade das ferramentas de controle que já temos. Não é mais viável apostar em soluções únicas. O caminho está na integração, no planejamento e na construção de lavouras mais resilientes”, reforça.

Além disso, os biofungicidas têm se mostrado aliados importantes também na redução de falhas em janelas críticas de controle, potencializando o efeito de fungicidas químicos e oferecendo maior sanidade às plantas. “A integração de ferramentas é o único caminho viável para prolongar a eficiência dos programas de controle. O biológico entra nesse cenário como um aliado estratégico, capaz de contribuir para a sustentabilidade e performance da lavoura”, finaliza Lana.

A Nitro é uma multinacional brasileira com quase 90 anos de história, com atuação nos segmentos de insumos para o agronegócio, especialidades químicas e químicos industriais. A Nitro ingressou no agro em 2019 e, em cinco anos no segmento, se consolidou como uma das três maiores empresas de nutrição e biológicos do setor. A Nitro conta com 6 unidades de produção no Brasil e 4 centros de Pesquisa e Desenvolvimento, além dos centros de distribuição, unidades internacionais e escritório administrativo em São Paulo (SP).

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