Especialista destaca como a escolha correta da cultura, momento ideal da colheita e boas práticas no armazenamento podem garantir mais produtividade e economia na pecuária de corte e de leite

Quando mal produzida ou manejada de maneira incorreta, a silagem pode gerar elevado índice de perdas durante o armazenamento, além de impactar negativamente na saúde e no desempenho produtivo do plantel.

Para assegurar uma dieta balanceada, é importante seguir à risca as recomendações técnicas durante toda a ensilagem: Escolher corretamente a cultura, conduzir adequadamente, monitorar a umidade no momento da colheita, boa compactação e vedação do silo são fatores determinantes. O engenheiro agrônomo, Mestre em conservação de forragens e técnico na Sementes Oeste Paulista (SOESP), Thiago Neves Teixeira (foto), reforça que detalhes fazem grande diferença no resultado final.

Confira dez dicas fundamentais para alcançar resultados satisfatórios na produção de silagem:

  1. Escolha correta da cultura – A definição da cultura certa determina diretamente a qualidade nutricional da silagem. Segundo o especialista da SOESP, “no caso de forrageiras como o Panicum maximum, é essencial optar por variedades com boa produtividade de matéria seca e qualidade de fibra. Teixeira alerta que variedades com menor teor de lignina e uma maior proporção de folhas em relação aos colmos favorecem a digestibilidade, impactando diretamente na qualidade bromatológica do alimento volumoso ofertado ao rebanho.
  2. Condução da lavoura – O especialista destaca que a ensilagem tem o objetivo de conservar a qualidade nutricional do alimento, mas para que a silagem apresente alta qualidade o material precisa ter ótimas propriedades nutricionais no momento da colheita. Pode-se obter uma silagem de baixa qualidade a partir de uma forrageira de alta qualidade se a tecnologia empregada não for adequada, mas jamais será obtido uma silagem de alta qualidade a partir de uma forrageira de baixa qualidade. Portanto, deve ser realizada uma análise de solo, definir um protocolo de correção e adubação de acordo com a expectativa de produtividade e exigência da cultura. Além disso, deve-se realizar o monitoramento de pragas, doenças e plantas daninhas da lavoura.
  3. Momento ideal da colheita – O período ideal para colheita ocorre quando a planta atinge uma porcentagem de matéria seca (%MS) entre 28% e 40%, sendo para capins tropicais mais comum obter %MS mais próxima do limite inferir no ponto ideal de colheita, que geralmente ocorre no início da fase reprodutiva. Colher fora desse “time” pode prejudicar a fermentação ou reduzir drasticamente a digestibilidade. A Embrapa recomenda monitorar atentamente esses níveis para garantir eficiência no processo fermentativo.
  4. Tamanho ideal das partículas – O tamanho das partículas influencia na qualidade da compactação, perda por efluentes, segregação de alimentos no cocho e digestibilidade da silagem, devendo-se sempre garantir um tamanho ideal e processamento homogêneo de todo o material a ser ensilado. “Para silagem de Panicum, o ideal são partículas entre 1,5 e 2,5 centímetros, cortes abaixo dessa faixa podem gerar distúrbios metabólicos nos animais e/ou aumento das perdas por efluentes uma vez que geralmente o capim é um material mais úmido em relação a outras plantas forrageiras e o menor tamanho de partícula está associado ao maior rompimento das células. Por outro lado, tamanhos de partícula acima dessa faixa podem gerar dificuldade de compactação e segregação do alimento pelos animais.” Esse tamanho facilita a compactação, melhora a fermentação, além de favorecer a ruminação e a absorção dos nutrientes pelos animais”, explica o agrônomo.
  5. Regulagem correta do maquinário – A regulagem do equipamento de corte é outro ponto a ser levado em consideração. Cortes muito grandes dificultam a compactação e geram segregação quando a silagem é fornecida aos animais, enquanto aqueles pequenos demais prejudicam a ruminação dos animais podendo causar distúrbios metabólicos. Equipamentos corretamente ajustados garantem colheita homogênea e fermentação eficiente, explica o especialista da SOESP.
  6. Compactação eficiente – “Compactar bem é essencial, especialmente no caso do Panicum, cuja estrutura é mais fibrosa”, ressalta Teixeira. Uma boa compactação elimina o máximo possível de ar, prevenindo fermentações inadequadas e perdas de nutrientes, como indicado também por pesquisas da Embrapa Gado de Leite.
  7. Evite entrada de oxigênio – Utilizar lonas plásticas resistentes, com proteção ultravioleta, espessura adequada e fazer a vedação de forma criteriosa logo após o término da compactação é essencial para evitar a entrada de ar. “Se há entrada de oxigênio, ocorre fermentação aeróbia, o que consome nutrientes, gera calor e facilita o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis”, reforça o especialista.
  8. Use sementes certificadas para garantir qualidade da pastagem – A qualidade da silagem começa já na escolha das sementes. Optar por sementes certificadas e de procedência confiável garante pureza, alta taxa de germinação e desenvolvimento uniforme das plantas. “Sementes certificadas proporcionam melhor rendimento por hectare, melhor formação da pastagem e uma produção mais uniforme da planta forrageira, o que resulta em silagem de maior qualidade”, orienta Teixeira.
  9. Uso de aditivos para fermentação – O uso de inoculantes microbianos é uma estratégia interessante para alterar as rotas fermentativas buscando manter a qualidade da forragem e diminuir perdas após a abertura do silo. “Para forrageiras como o Panicum e outros capins tropicais, deve-se focar nos inoculantes a base de bactérias produtoras de ácido lático para acelerar a redução do pH após a vedação do silo, reduzindo perdas ao longo do processo fermentativo. isso pode ser um diferencial importante para manter a qualidade da silagem de capim”, ressalta o agrônomo.
  10. Indicadores de fermentação bem-sucedida – Uma silagem bem fermentada possui cheiro agradável, levemente ácido, sem presença de mofo ou decomposição. Além disso, o pH ideal fica abaixo de 4,5. “A silagem está pronta quando apresenta temperatura estável, ausência de oxigênio e adequados teores de ácidos orgânicos que impedem a proliferação de microrganismos indesejáveis, podendo ficar armazenadas por longos períodos desde que mantida a condição de anaerobiose dentro do silo. O tempo mínimo de fermentação recomendado é de 3 a 4 semanas, podendo sofrer alterações de acordo com a forragem e inoculante microbiano utilizados”, finaliza o especialista.

A Sementes Oeste Paulista está sediada em Presidente Prudente (SP) e há 38 anos atua no mercado oferecendo sementes de pastagem do gênero Brachiaria e Panicum. Sua matriz conta com infraestrutura voltada à produção, beneficiamento, comercialização e desenvolvimento de novas tecnologias, tanto para pecuária como para agricultura de baixo carbono. A empresa desenvolveu a tecnologia Soesp Advanced, que revolucionou o mercado de sementes forrageiras nos países de clima tropical, ao trazer diversos benefícios no plantio e estabelecimento dos pastos, e se adequar perfeitamente ao sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

Rural Press