Desafios e oportunidades na Indústria de Máquinas e Implementos Agrícolas

 

Por Pedro Estevão, diretor de relações institucionais na Jacto S/A, membro do Conselho Administrativo da ABIMAQ
e presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da ABIMAQ.

 

O setor de máquinas e implementos agrícolas no Brasil enfrenta um cenário desafiador em 2024, marcado por uma série de fatores que impactam diretamente a rentabilidade dos agricultores e, consequentemente, as vendas do segmento.

Um dos principais desafios é a queda nos preços das commodities, especialmente de produtos como soja e milho, que são fundamentais para a economia agrícola brasileira. Essa redução nos preços tem gerado uma menor rentabilidade para os produtores, que acabam adiando investimentos em novos equipamentos.

Além disso, os altos juros praticados no mercado, como os do ModerFrota, que atualmente estão em 12,5%, também contribuem para desestimular os agricultores a adquirir novos maquinários. Muitos agricultores acreditam que esperar por uma redução nas taxas de juros poderia ser mais vantajoso a longo prazo.

Outro fator que impactou negativamente a rentabilidade dos produtores foi a quebra de safra causada pela seca severa que atingiu o Brasil. Essa condição climática adversa resultou em menor produtividade e, consequentemente, em menor rentabilidade para os agricultores.

Essa conjuntura financeira e climática também afetou as exportações de máquinas agrícolas brasileiras, que estão concentradas principalmente na América Latina. Países como Argentina, Paraguai e Bolívia, importantes mercados para as máquinas brasileiras, também sofreram com a queda nos preços das commodities e viram sua rentabilidade diminuir, o que impactou negativamente a demanda por novos equipamentos.

No mercado interno, as importações de máquinas agrícolas também caíram, acompanhando a redução na demanda interna. Setores como o de máquinas de colheita de algodão e acessórios foram os mais afetados.

Para o ano de 2024, não se espera um aumento nas vendas de máquinas agrícolas, devido principalmente aos problemas enfrentados pelos agricultores em relação à rentabilidade. No entanto, é importante ressaltar que esses desafios são passageiros e que estruturalmente o Brasil está bem posicionado, com estimativas de aumento significativo da área cultivada nos próximos anos. O ministério da agricultura projeta um aumento de 20% a 30% nas exportações de produtos agrícolas para os próximos 10 anos. Para conseguirmos este aumento será necessário um aumento de 18 milhões de hectares na área plantada que representa 21% a mais na atual área.

As empresas do setor estão atentas às oportunidades apresentadas pela demanda por biocombustíveis, buscando desenvolver máquinas que possam utilizar diferentes tipos de combustíveis, como motor elétrico híbrido, elétrico com etanol, diesel e biodiesel. Esse é um mercado promissor e que pode impulsionar a demanda por novos equipamentos agrícolas nos próximos anos.

Apesar dos desafios enfrentados em 2024, a indústria de máquinas agrícolas no Brasil tem potencial para se recuperar e continuar crescendo, impulsionada pela necessidade de maior eficiência e sustentabilidade no campo.


Imprensa ABIMAQ