Goiás já é o 3º pólo do país em manutenção de aeronaves, possui várias características que atendem a todos os serviços aeroportuários, a principal delas é a centralidade em relação ao resto do Brasil. Estado se prepara para receber um pólo aeronáutico em Aparecida de Goiânia

Ao citar os setores que são destaques na economia goiana, logo vem à mente de muitos o agronegócio, as indústrias de alimentos, mineração e farmacêutica. Mas o que muita gente desconhece, e aí incluímos os próprios goianos, é que Goiás, por sua privilegiada localização geográfica, é um dos mais importantes pólos de serviços aeronáuticos do País.

Muito além da aviação comercial, grande é a movimentação de aeronaves particulares. Goiás responde também pela quinta maior frota de aeronaves civis, são 1.409 registradas, conforme informações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Para se ter uma ideia, o estado é o terceiro em número de bases de manutenção de aeronaves, são 53, segundo os dados do Relatório 2022 da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag). Nesse sub-segmento da aviação, Goiás fica atrás apenas de São Paulo, com 180 bases de manutenção; e Rio de Janeiro, com 65 bases.

Ainda conforme os dados da Abag, o estado é o quarto em número de empresas que prestam serviços de agro aviação e o sétimo em quantidade de aeródromos (privados ou públicos), são 196 em operação.

“Goiás na sua centralidade em relação ao Brasil é um estado que possui muitas especificações para atender a todos os serviços e infraestruturas ligadas à aviação. Nessa área de manutenção de aeronaves, por exemplo, temos aqui muitas empresas com certificação nacional e internacional, e temos aqui uma mão de obra extremamente qualificada para esse mercado”, afirma o empresário Rodrigo Neivas, diretor comercial do Antares Polo Aeronáutico, empreendimento que está sendo construído em Aparecida de Goiânia, região metropolitana da capital, e que será até o fim de 2024, quando deverá ser concluída a primeira fase do projeto, o mais novo e moderno hub da aviação civil brasileira.

Ele lembra que o estado está a uma hora de voo dos principais pólos de consumo e populacional do País, que compõem 65% do PIB nacional. “Mesmo as regiões consideradas mais distantes, como os extremos norte e sul do Brasil e alguns estados do nordeste, não estamos mais do que quatro horas de voo de distância. Então, quando você olha essa questão das horas voadas, que são bem menos do que as gastas por qualquer outro modal de transporte, você percebe que a aviação em nosso estado tem um potencial gigantesco”, avalia Neiva.

O empresário lembra que um aeroporto é um forte pólo de desenvolvimento econômico em qualquer lugar do mundo em que ele se instale. “Aqui em Aparecida de Goiânia, onde estamos construindo o Antares, não será diferente. Será uma infraestrutura que irá atrair grandes empresas, porque a aviação é um negócio que precisa de um contingente enorme de mão de obra diversificada e qualificada, e não são só para as empresas do setor, mas outras de áreas afins”, argumenta. Falando em mão de obra, dados do Ministério do Trabalho apontam que em Goiás o ganho médio no setor de aviação é de R$ 4.700 e a expectativa é que o Antares Polo Aeronáutico amplie as oportunidades para a área, consolidando um mercado especializado para os futuros profissionais.

 

Potencial gigantesco – Capitaneado pelas empresas goianas Tropical Urbanismo, Innovar Construtora, CMC Engenharia, BCI Empreendimentos e Participações e RC Bastos Participações, o Antares terá, em sua primeira fase a pista de pouso com extensão de 1.980 metros e a largura passará de 45m, o que possibilitará a operação de aeronaves de maior porte. O PCN (Número de Classificação do Pavimento) suportará um Boingo 737-800. Nesta fase, também serão entregues a área de embarque e desembarque e 72 lotes entregues de 1.000m² a 1.500 m² de área, com toda a infraestrutura necessária para a instalação de hangares e serviços ligados à aviação.

Com uma área de 209 hectares, o Antares, segundo explica Rodrigo, irá atrair empresas de todos ramos da aviação como táxi aéreo, serviços aeromédicos, manutenção de aeronaves, hangaragem, escolas para formação de pilotos, cargas aéreas e outras negócios correlacionados, como: empresas de transporte e logística, distribuidoras de combustíveis, hotéis executivos e outros.

 

Aeroportos colapsados – Rodrigo Neiva lembra que o Brasil, por suas dimensões continentais, é um país que precisa muito do modal aéreo para ter uma verdadeira integração nacional. Mas apesar dessa necessidade, ele salienta que a aviação brasileira ainda tem um caminho gigantesco a ser percorrido, e que esses avanços podem começar agora com algumas mudanças recentes, como a privatização dos grandes aeroportos. “Aqui no Brasil, mesmo com 2.463 aeroportos e aeródromos, nós conseguimos transportar por ano apenas 50% da nossa população, ao passo que nos Estados Unidos, país com dimensões territoriais e populacionais semelhantes a nossa, transporta por ano, via aérea, o equivalente ao triplo de sua população, hoje estimada em cerca de 330 milhões de habitantes. Ou seja, o modal aeroviário lá consegue transportar quase que um bilhão de pessoas por ano”, exemplifica.

Segundo Rodrigo Neiva, aeroportos como Congonhas (SP), Viracopos (SP), o Galeão (RJ), Confins (MG),  que estão entre os mais movimentados do Brasil, além de estarem todos conscentrados na região Sudeste, estão todos praticamente colapsados, por falta de espaço e de condições de receber um número maior de operações. “Diante disso precisamos ter outras vias, o Brasil não é só o Sudeste, ou só São Paulo. Somos um país com mais de 220 milhões de pessoas e com uma extensão territorial superior a 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Um empreendimento como o Antares, mesmo não sendo um aeroporto voltado para a aviação comercial de grande porte, pegará justamente essa outra parte da aviação que engloba operações como a agro aviação, táxi-aéreo, serviços aeromédicos, a aviação regional,  transporte de carga área e vários outras”, detalha o empresário.


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