Objetivo da startup maranhense é dar visibilidade ao agricultor familiar brasileiro, garantindo acesso a novas tecnologias  e promovendo crescimento econômico inclusivo

Depois de passar por programas de aceleração, como Inovativa Brasil e LIFT Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas do Banco Central e da Fenasbac, a Culte – ecossistema completo de apoio ao agronegócio familiar brasileiro – inicia uma nova cultura no setor agro com o lançamento oficial da cultecoin (CULTE), neste 1 de abril. A cultecoin é um token de utilidade BEP-20, baseado na Binance Smart Chain e será lançado na Exchange descentralizada (DEX) PancakeSwap.

Em um primeiro momento, a função da cultecoin será intermediar negociações dentro do marketplace da Culte, facilitando o pagamento por taxas, produtos e serviços, além da possibilidade de ser utilizado como uma reserva de liquidez para os pequenos agricultores. Futuramente, os fundadores esperam que a blockchain da cultecoin seja capaz de rastrear a origem dos produtos do produtor ao consumidor final e que a cripto seja utilizada como moeda corrente da plataforma da empresa.

“Nosso objetivo é promover crescimento econômico inclusivo, sustentável e livre de intermediários, dar visibilidade ao pequeno agricultor familiar e levar acesso a novas tecnologias e treinamentos ao campo”, explica Cláudio Rugeri, CEO da Culte. Segundo ele, a plataforma foi desenvolvida utilizando a tecnologia Blockchain pensando na desintermediação da cadeia produtiva e no conceito de finanças, por meio de uma estrutura controlada, visível e aberta a todos os envolvidos. “O marketplace da Culte caracteriza-se como descentralizado, conectando diretamente produtores e clientes, sem a necessidade de envolver terceiros”, detalha o executivo.

Embora as criptomoedas venham ganhando cada vez mais adeptos no Brasil e no mundo, o CEO revela que não tinha ideia de como o projeto seria recebido no ambiente do agronegócio e da agricultura familiar. “A cultecoin acabou servindo de porta de entrada ao mercado de criptomoedas para muitas pessoas até então distantes deste universo”, diz ele. Com base em uma estimativa informal, para 70% dos investidores, a Cultecoin se tornou o primeiro criptoativo de seus portfólios. Para alguns, segue sendo também o único.

Nos últimos 12 meses, a startup recebeu mais de R$ 15 milhões em solicitações de empréstimos, sendo que 70% dos agricultores que solicitaram nunca tiveram acesso a crédito. Hoje, a startup está presente em 20 estados brasileiros, reunindo mais de dois mil pequenos agricultores; destes, mais de 30% são mulheres.

Os números sobre o agronegócio familiar brasileiro traduzem tanto as necessidades de apoio ao setor quanto as oportunidades que nele residem. O agronegócio é responsável por 21,1% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil – o que significa que mais de um quinto de tudo o que é gerado no Brasil sai da agricultura. E, desse total, cerca de 25% é proveniente da agricultura familiar, ou seja, 5% do PIB brasileiro tem origem nas propriedades dos pequenos empreendedores rurais.

Esses números foram divulgados pelo secretário Nacional da Agricultura Familiar e Cooperativismo, Fernando Schwanke, em entrevista para a Revista Expoagro 2020 (na página 11). De acordo com ele, o Brasil possui 4,1 milhões de pequenos produtores, sendo que 84% de todas as propriedades rurais do país são de pequenos agricultores.

A Cultecoin permite a compra antecipada da produção destes pequenos agricultores, contribuindo para o crescimento da agricultura familiar. “A ideia é possibilitar a conexão entre o produtor e empresas que estão precisando das mercadorias – como agroindústrias, cooperativas, hospitais, hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos que necessitam de grandes volumes – para uma compra maior”, esclarece o executivo.

Por outro lado, os agricultores também podem realizar compras em conjunto conseguindo melhores condições junto aos fornecedores. “Nós, da Culte, acreditamos que todos usufruímos dos frutos do agronegócio, portanto temos o dever de apoiar os agricultores e produtores rurais”, conclui o CEO.

“Precisamos impulsionar o agronegócio familiar brasileiro. O sistema bancário tradicional não é capaz de suprir com recursos financeiros subsidiados e tecnológicos de maneira abrangente e no período adequado”, afirma Rugeri. “O aumento persistente na demanda de alimentos, causada pelo crescimento populacional, e a mudança na dieta à medida em que a classe média global se expande, cria nichos de mercado atrativos no agronegócio, oferecendo oportunidades de investimento em tecnologia e infraestrutura”, complementa ele.


Renata Viana
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