Mobilização reuniu ontem (28) ativistas e ONGs em frente à Bolsa de Valores para alertar sobre maus-tratos dos cerca de 1.000 animais

Perto de 100 ativistas em defesa da causa animal realizaram ontem (28) em São Paulo (SP), um ato pacífico na defesa das cerca de 1.000 búfalas vítimas de maus-tratos e que foram abandonadas em uma fazenda na cidade de Brotas, a 245 km da capital paulista.

A mobilização começou em frente à Bolsa de Valores (Rua Quinze de Novembro, 275), ponto de partida para uma caminhada que durou cerca de uma hora. O ato serviu para chamar a atenção da população para este problema estrutural – o do abandono dos animais que não tem mais utilização para produção em larga escala.

“Não podemos aceitar mais que os animais sejam submetidos a condições exíguas e extremas para produção contínua de leite e seus derivados para na sequência serem descartados e levados para o abate”, alerta a vice-presidente de Investigações da Mercy for Animals (MFA), Luiza Schneider. A MFA é uma organização que trabalha no combate à exploração de animais para consumo.

Investigações da MFA já documentaram situações graves como vacas doentes definhando por dias sem cuidado até serem levadas ao abatedouro e bezerros violentamente separados de suas mães horas depois de nascer, processo semelhante ao que são submetidas as búfalas. “A responsabilização do fazendeiro foi um passo importante, mas a conscientização do público sobre o que acontece com os animais antes que seus produtos cheguem até o prato é muito importante para evitar que situações assim se repitam”, complementa Luiza.

 

Búfalas de Brotas – As búfalas foram encontradas em condições precárias, sem água e comida, há 20 dias. Muitas não resistiram e morreram. Algumas estavam grávidas e perderam seus filhotes. Ativistas obtiveram a tutela dos animais e montaram um hospital de campanha para atendê-las – o relato diário pode ser acompanhado no Instagram @bufalas_de_brotas.

O caso é investigado pela Polícia Civil e também está na Justiça. O dono da fazenda e funcionários chegaram a ser presos, mas foram liberados após pagamento de fiança. O proprietário foi multado em mais de R$ 2 milhões por crime ambiental, mas recorreu.

O caso tem despertado, também, o envolvimento de celebridades e pessoas influentes na cobrança de uma solução, como o jornalista André Trigueiro, a apresentadoraXuxa, o ator Emiliano D’avila, a atriz Luana Piovani e a ativistaLuisa Mell.

 

Como ajudar – No momento, os animais estão sob os cuidados de ONGs, ativistas e cidadãos, e os custos para alimentos e medicamentos são pagos com recursos de doações. Quem quiser contribuir, pode doar por meio do PIX: CNPJ 14.732.153/0001-38 – ONG A.R.A. Banco Cora SCD 403 – Agência 0001 – Conta 1372147-8 ou via PAYPAL [email protected] (enviar o comprovante para o Instagram @bufalas_de_brotas)

 

Búfalas no Brasil – No Brasil, as búfalas são exploradas para produção de carne, leite e seus derivados. Apesar de a indústria ser muito pequena comparada à do leite de vaca, algumas práticas são comuns entre elas, como a gravidez recorrente para produzir leite e a separação dos seus filhotes. Além disso, vacas e búfalas têm o mesmo destino final: o descarte no abatedouro.

Segundo a Embrapa, a população de búfalos no Brasil é estimada em 1,4 milhão de animais. O Pará concentra 45% dos animais, percentual que sobe a 65% quando incluídas as criações de Amazonas e Amapá. Rio Grande do Sul e São Paulo são outros Estados de destaque, embora em todas as regiões existam criações.

A produção deleite de búfalarepresenta12,5% da produção mundial de leite, sendo o segundo leite mais produzido no mundo. NoBrasil, é estimada em 83,5 milhões de litros, com mais de 75 mil búfalas sendo exploradas em 3,3 mil fazendas.

O búfalo foi introduzido no Brasil no final do século passado, inicialmente na ilha de Marajó, no Pará, porém, mas sua exploração para carne e leite no país de forma significativa é recente.

No Brasil, inequivocamente a indústria da carne e leite considera os búfalos animais “rústicos”, que tem a capacidade de se adaptar e manter sua produção em qualquer condição ambiental, até́ mesmo em escassez de alimento. Por isso, muitas vezes, há descaso em relação aos cuidados com esses animais sensíveis e inteligentes.

Fundada há mais de 20 anos nos Estados Unidos e presente no Brasil desde 2015, a Mercy For Animals (MFA) é uma das principais organizações sem fins lucrativos do mundo dedicada a combater a exploração de animais para consumo, especialmente em fazendas industriais e na indústria da pesca. A MFA trabalha para transformar o atual sistema alimentar e substituí-lo por um modelo que seja mais compassivo com os animais e garanta um futuro melhor para o planeta e todos que o habitam. Atualmente, a Mercy For Animals também opera em outros países da América Latina, no Canadá e na Índia.

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