Plantabilidade traz ganho de produtividade para soja

Por João Vanin*

 

Qual produtor você gostaria de ser? O que produz mais de 100 sacas por hectare ou o que produz a média nacional de 55 sacas por hectare?

As margens cada vez mais enxutas e o aumento nos preços de produtos como fertilizantes e combustível, entre outros, faz com que a análise da produtividade e lucratividade da safra de soja seja cada vez mais complexa. A maior ênfase no preço da oleaginosa e no volume colhido, muitas vezes, faz com que alguns custos menos evidentes sejam negligenciados. E, na verdade, a conta começa muito antes da semente começar a germinar.

Definir a estratégia e o timing para a compra de insumos pode fazer uma grande diferença. Nela estão itens que não dependem do clima e de outras variáveis sobre as quais o produtor não tem controle. Nesse planejamento, as sementes devem ser o ponto de partida. E nessa etapa é importante considerar o gasto de insumos por unidade produzida.

O momento do plantio é crucial para determinar o resultado da colheita em termos de qualidade do produto e produtividade. A qualidade das sementes, assim como, e talvez mais importante, a adequação delas às condições da lavoura, como tipo de solo e as condições climáticas, são fatores críticos para um bom resultado. No caso da soja, somente no Brasil, já que temos uma grande extensão geográfica e muitas variações climáticas, há mais de 350 cultivares a opção do produtor. Anualmente surgem mais de 50 cultivares novas, que estão em fase de validação e ensaios comerciais. É um mar de opções ao produtor, e, entre todas elas, se bem recomendadas, com potencial acima das 70 sacas por hectare.

A seleção da variedade mais adequada para cada lavoura deve passar por uma escolha que envolve genética e biotecnologia. Adicionalmente à qualidade e adequação das sementes, aspectos como os cuidados na armazenagem entre a colheita e a semeadura e a plantabilidade, a forma como são distribuídas no solo, têm influência direta na produtividade. A deposição, com espaçamento homogêneo entre elas, e a velocidade com que este processo é feito são fatores determinantes para melhorar o resultado da colheita.

Seguir a recomendação de população da cultivar, bem como saber exatamente o índice de qualidade da semente é fundamental para a implantação do projeto. É sabido que as sementes de soja, ao longo de seu período de armazenamento apresentam um processo de envelhecimento natural, como qualquer outro organismo vivo. Diante disso, é fundamental que seja realizada a análise atualizada da semente. Este trabalho é realizado em um processo massivo de análises de qualidade, tanto laboratoriais como em canteiros. Muitos fornecedores de sementes utilizam inclusive um sistema de inteligência artificial para aumentar a confiabilidade da qualidade, garantindo a correta recomendação populacional para a cultivar de acordo com suas características.

O avanço da tecnologia empregada nas plantadeiras ao longo dos anos é outro componente fundamental para as melhorias obtidas na plantabilidade da soja. Os modelos mais avançados de máquina disponíveis no mercado atingem velocidade de 15 quilômetros por hora, garantindo uma semeadura com precisão.

A cultura da soja experimenta crescimento exponencial no Brasil. A produtividade média nacional aumentou 5,7% nos últimos 10 anos, chegando a 55 sacas por hectares na última safra, de acordo com o Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb). Mas empregando tecnologia e práticas adequadas, parte dos produtores consegue colher mais de 100 sacas por hectare. Na safra 2016/2017, o campeão do Desafio Cesb de Máxima Produtividade de Soja obteve o recorde de 149 sacas por hectare. E no desafio mais recente, foram 118 sacas por hectare.

De acordo com especialistas, a melhor plantabilidade pode aumentar a produção em mais de cinco sacas por hectare, dependendo das condições locais e do manejo adequado. A semeadura é uma das fases que pode impactar significativamente os custos de produção, já que o custo das sementes representa em média 12% do total, aumentado pela biotecnologia inserida na plataforma soja. Porém, a qualidade delas determina o maior ou menor uso de outros insumos nas fases seguintes.

A evolução na plantabilidade é um fator decisivo também na busca por maior sustentabilidade no agronegócio. O sistema de produção brasileiro é, cada vez mais baseado em práticas e tecnologias ambientalmente favoráveis. Assim, o Brasil recuperou e consolidou sua posição como maior produtor e exportador mundial de soja.

Com contínuos ganhos de produtividade por meio de medidas que começam antes mesmo do plantio das sementes no solo e garantem a competitividade em termos de preços e qualidade, o país se torna cada vez mais protagonista no papel de alimentar o mundo de forma responsável e de player estratégico para o desafio da crescente demanda global por alimentos.

Agora, voltamos a pergunta inicial: Qual produtor você gostaria de ser? O que produz mais de 100 sacas por hectare ou que produz a média nacional de 55 sacas por hectare?

A resposta é: depende. Depende da margem final projetada e do investimento previsto, considerando a eficiência e a rentabilidade.


(*) João Vanin é Engenheiro Agrônomo, mestre em fisiologia vegetal e especialista em agronegócios, e atualmente gerente de produção de sementes na SLC Agrícola. Atua no sistema de produção soja-milho-algodão a mais de 10 anos, focado principalmente na gestão de recursos produtivos e manejo fitotécnico de culturas. 

A SLC Agrícola, fundada em 1977 pelo Grupo SLC, tem foco na produção de algodão, soja e milho. Foi uma das primeiras empresas do setor a ter ações negociadas em Bolsa de Valores no mundo, tornando-se uma referência no seu segmento. Com Matriz em Porto Alegre (RS), a Empresa possui 16 Unidades de Produção estrategicamente localizadas em seis estados brasileiros, que totalizaram cerca de 450 mil hectares plantados no ano-safra 2019/20.  Facebook | Linkedin | Instagram | Youtube

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