Começar bem para terminar bem

O tratamento das sementes com um fungicida que proteja contra todos os principais patógenos é essencial para a produtividade e a qualidade na colheita

Por Luis Alfredo Rauer Demant

Luis Alfredo Rauer Demant, engenheiro Agrônomo e mestre em Fitopatologia; gerente de Fungicidas da IHARA © Divulgação

A busca do agricultor pelo aumento da produtividade é constante, mas torna-se ainda mais valorizada em momentos de alta remuneração da cultura. É o que ocorre no momento com a soja, entre outros produtos, que experimentam alta nos preços internacionais e valorização em reais com a depreciação da moeda.

Essa longa jornada por cada quilo de produtividade começa bem antes do plantio, desde a escolha das variedades a serem plantadas, e segue para a etapa da escolha do tratamento de sementes. Seja na unidade de beneficiamento ou na própria fazenda, o tratamento da semente de soja é fundamental para garantir o estande e o arranque desejados. É crucial ter em mente que uma redução do estande em relação ao número de plantas desejado por metro eleva significativamente o custo por quilo produzido. Afinal, todos os investimentos antes e após o plantio serão divididos por um número menor de plantas: cada quilo de adubo, cada litro de cada defensivo agrícola, cada litro de diesel e cada hora de mão de obra aplicada sobre aquele hectare serão os mesmos, tendo a população adequada ou não de plantas.

Por isso é importante, no momento do plantio, olhar para a proteção da semente como um todo. Não basta pensar apenas no tratamento contra insetos, mas também contra fungos e doenças. Estudos indicam que o número final de plantas em áreas não tratadas com fungicida na semente chegam a ser 20% menores do que onde há o tratamento.

O fungicida protege a semente tanto de patógenos eventualmente presentes na própria semente quanto daqueles presentes no solo, impedindo assim a proliferação das doenças e seu ataque às plantas em desenvolvimento inicial. O manejo integrado deve, portanto, começar com a escolha da semente, e seguir obrigatoriamente pelo tratamento da mesma com um fungicida que proteja a planta contra todos os principais fungos transmissores de doenças: Phomopsis spp.; Colletotrichum truncatum (antracnose); Cercospora kikuchii (mancha púrpura); Cercospora sojina (Mancha “olho-de-rã”); Rhizoctonia solani (tombamento e morte em reboleira); Sclerotinia sclerotiorum (Podridão branca da haste e da vagem); Fusarium semitectum; Aspergillus spp.; e Penicillium spp.

Mesmo em regiões onde alguns destes fungos não são um problema econômico atual, o uso de um fungicida de amplo espectro no tratamento da semente contribui para a redução do potencial de inóculo de doenças na área. Em outras palavras, proteger a semente é proteger também o solo contra a proliferação de patógenos que, safra após safra, podem aumentar sua população. Se hoje determinada doença não é problema no início do ciclo, o tratamento da semente com um fungicida que proteja contra esse patógeno ajuda para que ele não venha a causar dano econômico no futuro.

Um exemplo claro é a ação sobre a antracnose na soja. Apesar de essa doença ocorrer com maior intensidade na parte aérea das plantas e em um momento avançado do ciclo, o adequado tratamento de semente com o fungicida reduz a incidência da doença nos cotilédones, por exemplo. Uma vez que os cotilédones estão protegidos ao caírem no solo, eles não promovem o estabelecimento da fonte inicial de inóculo da doença. Essa redução de inóculo inicial reflete diretamente na melhor proteção da parte aérea da planta o que resulta na manutenção da produtividade com a redução das perdas.

Para agravar o problema, os desafios climáticos e as janelas de plantio cada vez menores muitas vezes levam à instalação da cultura fora das condições ótimas para seu desenvolvimento. Isso geralmente resulta em um aumento dos estresses sobre as plântulas. Em uma situação de estresse hídrico, por exemplo, a germinação das sementes e a emergência tendem a ocorrer mais lentamente, propiciando uma maior exposição à ação dos organismos patogênicos que prejudicam o estabelecimento das culturas.

Esse cenário, infelizmente, é muito comum na sojicultura brasileira. Muitos agricultores se veem forçados a iniciar as operações de plantio antes mesmo das primeiras chuvas, com um olho nas plantadeiras e outro na previsão meteorológica. A frustração de uma previsão de chuva nos primeiros dias após o plantio, por exemplo, acaba por gerar grandes falhas de estande ou mesmo por exigir o replantio da área, comprometendo ainda mais os cronogramas da safra. Nesse cenário, o tratamento das sementes com fungicidas exerce um papel determinante no sucesso da lavoura, pois diminui o estresse sobre as plantas e assim, pode evitar as falhas e perdas de estande da cultura.

Além da perda de rendimento e da multiplicação de patógenos, o ataque de doenças na fase inicial gera perdas de qualidade que, muitas vezes, só poderão ser medidas na hora da classificação dos grãos colhidos. Em tempos de preços altos, descontos de pequenos percentuais no preço por saca podem representar grandes montantes no total. Portanto, do pré pantio ao pós colheita, o tratamento das sementes com um fungicida de amplo espectro espalha benefícios e rentabilidade.


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