Possibilidade de mais empregos formais na cadeia de produção, e conquista de novos apreciadores são alguns dos motivos de comemoração no Dia Nacional da bebida-símbolo do Brasil

De um cenário estagnado para uma produção mais intensa, plano de expansão para uma nova planta com investimento em novos equipamentos e contratação de mão de obra. Desde fevereiro deste ano, Katia Alves vê a produção do negócio da família – a Cachaça da Quinta / RJ – dobrar em volume e em número de funcionários, com reflexos no aumento das vendas não só no mercado brasileiro, mas também no aumento de 30% no volume de exportações, que acontecem para os EUA e países da Europa e Ásia.

“Com os altos impostos que pagávamos antes da adesão ao Simples Nacional não conseguíamos reajustar o preço de nossos produtos. Trabalhávamos com uma margem mínima para não entrar no vermelho”, diz Kátia, proprietária da marca. Somente no Estado do Rio de janeiro, 31 empresas foram inclusas no regime tributário simplificado – Simples Nacional. Em todo o país,cerca de 580 produtores fazem parte desse novo time.

Para eles, a carga tributária incidente sobre a Cachaça representava, até então, 81,87% do preço de venda, de maneira geral, segundo estudos do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).

 

No estado de São Paulo, principal estado produtor do país, Luiz Gustavo Zillo – da Cachaça Engenho São Luiz – destaca que ainda sente os reflexos dos tributos que comprometiam a evolução do alambique, no mercado há pouco mais de seis anos.

Para o produtor, o impacto da mudança foi ainda acima da expectativa do setor de obter uma redução de mais de 40% nos impostos diretos pagos sobre a bebida: “tivemos uma redução de 90% no valor dos tributos”, afirma Zillo, que já comemora um “fôlego” nas vendas, o que vai permitir investir na produção de dois novos tipos de Cachaça, além da aquisição de diferentes embalagens e garrafas até o final do ano. “Vamos diversificar o leque de produtos e torcer para esse cenário não mudar mais”, ressalta.

De acordo com o Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), o momento é estimulante para os pequenos produtores, que têm melhores condições de comercialização e poderão contribuir ainda mais para que o setor da Cachaça volte a crescer. No entanto, o Instituto afirma que vai continuar a busca pela redução também dos impostos para as empresas que não se enquadram ao Simples, sobretudo do IPI, cujo aumento em 2016 provocou uma redução de 4% do consumo de Cachaça no país (de 2015 para 2016).

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Em 2017, em termos de valor, o faturamento do setor da Cachaça no Brasil foi superior a R$ 10 bilhões de reais. Em termos de exportação, a Cachaça foi vendida para mais de 60 países, por mais de 50 empresas exportadoras, gerando receita de US$ 15,80 milhões (8,74 milhões de litros). Esses números representam um crescimento de 13,43% em valor, e 4,32% em volume, em comparação ao ano de 2016, resultando no segundo ano seguido de aumento das exportações.

 

Mais novidades do setor – Outros fatores relevantes a serem comemorados são a gradativa valorização da Cachaça por parte do consumidor nacional – hoje é a bebida destilada mais consumida no Brasil – e a consolidação da Indicação Geográfica (IG) Cachaça como produto genuinamente brasileiro.

A novidade é a aprovação pelo Senado na última quarta-feira (5 de setembro) de um acordo internacional entre Brasil e México para o reconhecimento mútuo da Cachaça e da tequila como indicações geográficas e produtos distintivos dos dois países. Com isso, toda bebida vendida no Brasil com o nome de tequila terá que ser de fabricação mexicana, assim como toda Cachaça vendida no México terá que ser de fabricação brasileira, possibilitando a proteção da propriedade comercial das duas bebidas. O acordo tem a articulação do Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC) e do Conselho Regulador de Tequila (CRT), as duas instituições que representam no Brasil os produtores de cada bebida.

Ao justificar a iniciativa, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) enviou mensagem ao Congresso Nacional argumentando que o acordo tem “enorme valor simbólico para o Brasil e para o México, uma vez que chancela o interesse comum dos dois países em salvaguardar a preservação da integridade e originalidade das duas bebidas nacionais”. Já a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que foi a relatora da proposta na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, lembrou que a tequila já é protegida em 46 países e o México é a terceira nação a reconhecer a Cachaça como um destilado exclusivo do Brasil, somando-se aos Estados Unidos e à Colômbia.

 

Dia 13 de setembro | Dia Nacional da Cachaça – A data oficial do dia 13 de Setembro como o Dia Nacional da Cachaça foi escolhida e proposta pelo Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC) em parceria com o deputado federal Valdir Colatto e não foi à toa. O dia 13 faz referência à data na qual a Corte Portuguesa assinou a permissão para a comercialização da Cachaça no Brasil – 13 de setembro de 1661, impulsionada pela Revolta da Cachaça, levando à legalização da Cachaça, proibida até então.

E como a bebida vem ganhando espaço, conquistando apreciadores e se firmando como o destilado nacional por excelência, setembro acabou se tornado o mês da Cachaça, com eventos e atividades que extrapolam o dia de comemoração.

Um exemplo é a feira Cachaça Trade Fair 2018, que vai reunir produtores de variados portes e todas as regiões do país nos dias 19, 20 e 21 de setembro no Anhembi – São Paulo. Assim, o segmento volta a ter uma feira de grande expressão no principal mercado consumidor de Cachaça e grande centro de negócios do país.

De acordo com Carlos Lima, diretor executivo do IBRAC, além de propiciar muitas negociações em âmbito nacional e internacional, o formato deste ano vai oferecer um importante encontro de discussão sobre o mercado, empoderamento de marcas, melhoria de vendas, contribuindo para capacitar os produtores a buscar diferenciação em um universo com tantas marcas, principalmente agora que estamos presenciando um momento promissor para os empresários do setor com o retorno da Cachaça ao Simples Nacional.

A segunda edição da Feira deverá receber um número ainda maior de produtores de Cachaça de todo o território nacional com relação ao ano passado e, por ser uma feira de negócios, estará aberta para os players da cadeia produtiva da Cachaça como proprietários de bares e restaurantes, gestores de alimentos e bebidas de supermercados e hotéis, além de atacadistas, revendedores e importadores internacionais.


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