Máquinas automatizadas e piloto automático também contribuem para o sucesso da operação

A diminuição das falhas nos canaviais e a redução do consumo de mudas por hectare estão entre os principais desafios do plantio mecanizado de cana-de-açúcar. “Diversos fatores contribuem para a ocorrência de falhas no plantio, e todos devem ser observados e acompanhados para que sejam minimizados”, afirma Gustavo Villa Gomes, diretor agrícola da Usina Açucareira Guaíra (UAG), de Guaíra, SP.

Os cuidados com a qualidade e idade da muda, preparo de solo, colheita da muda, distribuição, umidade do solo e cobrição do tolete de cana no sulco de plantio, entre outras medidas, são fundamentais para a redução das falhas – detalha.

O plantio direto em rotação de cultura com a soja tem sido um recurso importante da Usina Guaíra para garantir boa germinação de mudas – revela. “Nenhuma operação de movimentação do solo é realizada nesta modalidade e as condições são ideais para a germinação”, ressalta. A utilização dessa prática agrícola não ocorre, no entanto, em toda área agrícola devido à otimização do uso de equipamentos – lamenta.

Um dos maiores desafios do plantio mecanizado da Usina Guaíra – e de outras unidades sucroenergéticas – é a redução da quantidade de mudas de cana utilizada. Para isto, existe a necessidade, entre outras medidas, do aprimoramento do processo de colheita de mudas – opina.

Segundo Gustavo Villa, de 80% a 85% dos danos em gemas são oriundos das colhedoras de mudas. Na avaliação dele, o equacionamento desse problema contribuiria para uma redução drástica no volume de cana utilizada no plantio.

Outro gargalo no plantio mecanizado é a distribuição das mudas de maneira mais regular. As mudanças nas plantadoras de cana têm contribuído para diminuir os problemas durante a operação de plantio. As máquinas automatizadas melhoraram a distribuição da cana no sulco, diminuindo a possibilidade de erros por parte dos operadores das antigas plantadoras de cana – avalia.

A Usina Guaíra utiliza nove plantadoras distribuídas em duas frentes de plantio. “Todas são automatizadas”, informa. De acordo com ele, a média de consumo de mudas, antes da mudança para as máquinas automatizadas, era de 18 toneladas por hectare. Atualmente, está entre 15 a 16 toneladas – compara.

A quantidade de mudas utilizada já registrou queda para 12 toneladas por hectare na Usina Guaíra. “Mas, isto se deve a uma série de fatores, como idade da muda, porcentagem de danos, tamanho de entrenó, inserção e tamanho da gema, entre outros fatores” – destaca.

A área de plantio da Usina Guaíra está em torno de 4 mil hectares – informa. Essa unidade sucroenergética possui uma área total de cana de 36 mil hectares.

A tecnologia do piloto automático também tem contribuído muito para o sucesso da operação de plantio, criando condições para a diminuição de manobras e paralelismo de linhas – diz Gustavo Villa. “Além disso, permite que as futuras operações na área tenham maior garantia de sucesso, resultando em menores perdas de matéria prima e insumos”, enfatiza.

Plantadora automatizada – O consumo excessivo de mudas sempre foi uma das principais reclamações relacionadas ao plantio mecanizado de cana. A Plantadora de Cana Picada PCP 6000 Automatizada, fabricada pela DMB Máquinas e Implementos Agrícolas, possui diversos recursos que minimizam esse problema, responsável pela elevação do custo nas operações de plantio.

A plantadora automatizada faz a distribuição no sulco de maneira muito mais uniforme do que a máquina convencional, porque ela “coloca no sulco” somente a cana necessária para o plantio – esclarece Auro Pardinho, gerente de marketing da empresa.

A esteira de distribuição da máquina convencional é contínua: as mudas provenientes da parte inferior do sistema, sobem até o ponto de inflexão e, depois são derrubadas dentro da bica pelas taliscas, caindo no sulco – detalha.

“A plantadora automatizada tem esteira com ângulo invertido, ou seja, a cana começa a subir pelas taliscas e no momento que vai chegar ao ponto de inversão, para a derrubada da muda na bica, há um leve ângulo contrário. Com isto, o excesso de cana que está subindo na esteira volta para a caçamba. Somente os toletes que estão nas taliscas são jogados na bica”, explica.

Esse ângulo invertido, aliado a outros dispositivos da plantadora automatizada, possibilita uma dosagem das mudas, que são distribuídas muito mais uniformemente de acordo com a regulagem realizada previamente – afirma. “Não há aquele excesso de tolete, que fica enroscado um no outro na máquina convencional, e geralmente é jogado na bica para ser lançado diretamente no sulco”, compara.

Para manter o fluxo de rebolos no ponto ideal das esteiras, a plantadora automatizada possui sensores que acionam eletronicamente os empurradores traseiros, mantendo as esteiras abastecidas até o término da carga de mudas da caçamba, sem a necessidade da intervenção de um operador.

O trabalho do tratorista se restringe a apertar um botão para dar início a operação, monitorar o funcionamento por meio de cinco câmeras instaladas na plantadora e olhar a quantidade de cana na caçamba para decidir o momento do transbordo fazer o reabastecimento – detalha Auro Pardinho .

A plantadora possui um Centro Lógico Programável (CLP), que “coordena” eletronicamente todas as operações. O acionamento ocorre por meio de uma Interface Homem-Máquina (IHM), instalada na cabine do trator, a partir de um simples toque dado pelo tratorista na tela touchscreen. A máquina realiza a sulcação, adubação, banho de fungicidas nos rebolos, aplicação de inseticidas contra pragas de solo e cobrição do plantio da cana em duas linhas.


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