Inovações no campo ou campo de inovações?

 

Por Vicente Pimenta

 

Vicente Pimenta, diretor do Comitê de Máquinas Agrícolas e de Construção do Congresso SAE BRASIL

Devagar estamos emergindo da crise. Temos tido tempos desafiadores e o resultado da prévia do PIB do primeiro trimestre, revisto a cada novo movimento da economia, aponta para cima, diferentemente do que vinha acontecendo de forma persistente em passado recente.
Se nem todos os setores da economia estão comemorando resultados positivos, há os que demonstram que o Brasil que produz pode fazer toda a diferença. Refiro-me especificamente ao segmento agrícola, que puxou todos os indicadores econômicos do Brasil para cima. Safra recorde de grãos com crescimento de 13,4% em relação ao trimestre anterior, o que significou a maior expansão em 20 anos!

A pergunta que não quer calar é: – Qual é o segredo? Existem várias respostas possíveis. É bem verdade que diante de dificuldades e principalmente pelo desemprego as famílias tendem a adiar compras. Entretanto, ninguém abdica de comer. Mas essa verdade simples não explica totalmente o crescimento exponencial da nossa safra. O que mais há por detrás desses números?

Na verdade há um grupo de empresários que resolveu tomar para si a condução dos negócios e dos resultados. Um grupo que acreditou em seu potencial e capacidade, e não mediu esforços para aprimorar seus produtos, para melhorar seus fluxos produtivos e facilitar a vida dos consumidores, ao dedicar-se a entender suas necessidades e adaptar tecnologias para atender a cada uma delas.

Essa é a realidade do segmento agrícola. Com base nas lições de sua própria experiência, assimilou e incorporou a máxima de que sem plantar nunca haverá colheita. E semeou inovação nas empresas, transformando-as em celeiros de talentos.

O ambiente empresarial nunca foi tão propício à inovação e à melhoria de produtividade. E o resultado não poderia ser outro: máquinas com muito mais valor agregado, conectadas e alinhadas com os desafios do mercado.

Diga-se de passagem, que as soluções nacionais são perfeitamente aplicáveis ao mercado mundial, o que significa exportações. Segundo a Anfavea, 2017 tende a se consolidar como destaque na produção e exportação de máquinas agrícolas. Uma virada e tanto.

Dito assim pode parecer que as coisas aconteceram por simples vontade. Longe disso, as empresas precisaram se reinventar e criar ambientes propícios à inovação, plantar a semente do inconformismo com o que estavam habituadas a fazer – e que deu certo – e assumir que a excelência se atinge com melhoria contínua.

O que é bom hoje deixará de ser assim muito rapidamente porque todos estão em busca do melhor. A palavra de ordem é não se acomodar nem esperar socorro em medidas governamentais. A hora de fazer é agora. Sempre.

Em tudo isso, talvez o maior desafio a ser enfrentado daqui para frente seja como administrar a inovação, desenvolver e reter talentos. As estratégias para a evolução podem ser muitas. Quem sabe, investir maciçamente em educação, ou mesmo estabelecer com os clientes canais mais eficientes. Provavelmente, de tudo um pouco.

Para esse debate as principais lideranças de fabricantes de equipamentos agrícolas e de movimentação de terra do País estarão no Congresso SAE BRASIL 2017, em novembro, em painel especialmente dedicado ao tema. Na contramão do ditado popular, em time que está ganhando se mexe para garantir novas vitórias.