Estamos preparados para combater as queimadas no Brasil?

 

Por Paulo Fiqueiredo

 

Paulo Figueiredo, consultor técnico de produtos da Husqvarna

Nos últimos dias, o mundo inteiro acompanhou as notícias sobre o incêndio florestal que devastou mais de 30 mil hectares e matou 64 pessoas em Pedrógão Grande, região central de Portugal. Embora tenha ocorrido em um país distante, a tragédia chama a atenção para um problema que também é muito frequente no Brasil: as queimadas.

De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre o início de janeiro e o dia 5 de agosto de 2016, foram registrados mais de 53 mil focos de queimadas e incêndios florestais no país. O número representa um crescimento de 65% em relação ao mesmo período de 2015.

Em muitos estados, o inverno é marcado por ser um período de poucas chuvas e baixos índices de umidade. A junção desses elementos resulta em áreas de vegetação e pastagens mais secas e, consequentemente, qualquer fonte de calor pode dar início a um foco de incêndio. Entre os muitos fatores que podem gerar uma queimada, estão: soltar balões; lançar pontas de cigarros em canteiro de rodovias ou em áreas de vegetação seca; e até mesmo jogar um simples pedaço de vidro no chão, que pode sofrer uma altíssima incidência solar.

Para entender melhor o problema, é importante ressaltar que, em boa parte das vezes, o fogo é causado por ações provocadas pelo homem. Um exemplo é a queimada para conter o aumento do mato, iniciativa altamente perigosa e que dá a falsa sensação de crescimento de uma nova vegetação saudável – falsa sensação, pois, embora quebre a dormência de novas sementes e promova uma brotação mais rápida, ela faz com que área verde renasça sem nenhum nutriente, apenas com um aspecto bonito.

Existem pessoas que optam por arar e gradear o solo para evitar que o fogo ultrapasse o trecho delimitado, mas o risco dessa ação é que, quando volta o período de chuvas, ela provoca o assoreamento da área. A melhor saída para conter o problema é a confecção de aceiros, que são faixas ao longo das cercas, onde a vegetação é retirada por completo do solo. O processo evita que o fogo se alastre para a área de pasto ou de vegetação e, também, para perto de animais.

A forma mais indicada de realizar os aceiros é com o auxílio de uma roçadeira, equipamento ideal para deixar a vegetação baixa, manter os nutrientes do solo, segurar a erosão e fazer uma contenção de segurança. Para se ter uma ideia de sua eficiência nessa atividade, o operador de uma roçadeira consegue percorrer a parte interna de uma fazenda de até 2.500 metros de área em um único dia.

Um dos fatores que contribuem com o controle de incêndios é o avanço da tecnologia nesse segmento, pois indústrias como a Husqvarna investem fortemente no aprimoramento de seus equipamentos. Hoje, encontramos opções de máquinas leves, ajustáveis, ergonômicas e que garantem o resultado perfeito na retirada da vegetação para a confecção dos aceiros.

Conter as queimadas é um problema que envolve, principalmente, a conscientização do homem, pois grande parte dos incêndios ainda é provocada voluntariamente. Além disso, é necessário um trabalho de manutenção das áreas verdes, afinal os danos causados pelo fogo levam anos para serem apagados e prejudicam severamente a biodiversidade local.