Cerca de 100 produtores, estudantes e técnicos participaram do Dia de Campo “Diversificação e Intensificação Sustentável da Agricultura Tropical”, na Unidade de Referência Tecnológica de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), na última sexta-feira (19), durante a Agrobrasília 2017

O evento foi promovido pela Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) e Secretaria de Agricultura do Distrito Federal com apoio da Emater-DF e da Rede de Fomento ILPF, da qual a Embrapa é uma das empresas participantes. Na abertura, o chefe adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Cerrados, Marcelo Ayres, destacou a importância das parcerias. “Para que possamos atingir nosso objetivo – de que as tecnologias da Embrapa cheguem ao produtor rural – contamos com o apoio de nossos parceiros”, enfatizou.

Tanto o presidente da Emater-DF, Argileu Martins, como o secretário adjunto de Agricultura do Distrito Federal, Sebastião Márcio de Andrade, falaram sobre o poder de irradiação e o efeito multiplicador do evento. O coordenador geral da feira, Ronaldo Triacca, ressaltou o trabalho desenvolvido entre os parceiros desde 2010 na URT ILPF.

Serviços ecossistêmicos – o tema sobre “Prestação de Serviços Ecossistêmicos por Sistemas Integrados” foi apresentado pelo pesquisador da Embrapa Cerrados Jorge Werneck Lima. Ele explicou o conceito de serviços ecossistêmicos, a relação do uso do solo com esses serviços e apresentou alguns resultados de pesquisas que apontam que os sistemas integrados são capazes de promover maior equilíbrio entre produção e sustentabilidade ambiental.

Os agricultores, como ressaltou Lima, podem exercer papel fundamental na manutenção e/ou provimento de serviços ecossistêmicos, ao, mesmo tempo que se beneficiam desses serviços. Entre os benefícios estão controle de escoamento superficial e erosão, provimento de água no solo e no rio, maior matéria orgânica no solo, manutenção da qualidade da água e estoque de carbono.

Em um dos experimentos desenvolvidos na Embrapa Cerrados, o pesquisador monitora, entre outros fatores, o quanto a água da chuva infiltra/escoa no solo, o fluxo de nutrientes e o quanto carrega de sedimentos em cada uso do solo (com as culturas de soja, cana e pastagem, em solos argiloso e arenoso). Em relação ao controle de erosão, por exemplo, a perda de solo é menor em pastagem de boa qualidade, seguida da cultura de soja em sistema de plantio direto. Já para o controle de escoamento superficial, a mata é melhor que pasto.

Um resultado que surpreende é que a pastagem é capaz de manter mais água em um perfil de solo de até três metros de profundidade. “Medimos a umidade do solo em profundidade para avaliar a recarga do lençol freático. Queremos saber o quanto de água chega lá embaixo. Isso é importante porque entre 80 e 90% da vazão que corre em nossos rios vem dessa água que infiltra e chega ao lençol freático. Na mata, cerca de 20% a 30% da água da chuva fica retida nas copas das árvores, sem atingir o solo”, explicou Lima.

O pesquisador destacou que os estudos em andamento irão sistematizar o conhecimento para vários tipos de uso de solo, como em floresta nativa, lavoura, pastagem, eucalipto, soja e outros, inclusive sistemas integrados como a ILPF.

Para o produtor Luiz Roberto de Almeida que adota o sistema IPF (Integração Pecuária-Floresta) em sua fazenda no município mineiro de Paracatu, as informações geradas pelas pesquisas são muito importantes. “Tenho eucalipto e gado de corte na fazenda. Uma das grotas está secando e estava receoso que fosse por causa do eucalipto. Ouvi do pesquisador que não é unicamente por causa das árvores, mas também por fatores como mudanças na chuva e manejo do solo. Vou procurar melhorá-lo”, disse.

Estações – em uma das estações do Dia de Campo, o engenheiro agrônomo Ronaldo Trecenti, da Vetor Consultoria Agroambiental, falou sobre o “Plantio Direto no Contexto de Conservação da Água e do Solo”. Ele apresentou os pilares do sistema plantio direto e seus benefícios. O sistema permite, entre outras vantagens, a agregação/restruturação do solo, o aumento da porosidade do solo, a formação de palhada, a redução do escoamento superficial e a redução da perda de água por evaporação.

A ambiência e o conforto térmico em sistemas ILPF foram abordados na estação “Manejo e Bem Estar Animal” pela pesquisadora da Embrapa Gado de Corte Fabiana Villa. Na estação sobre “Implantação de ILPF em Novas Fronteiras do Brasil”, o pesquisador da Embrapa Amapá Luis Wagner Alves mostrou alguns exemplos de arranjos de sistemas integrados utilizados nos estados da região Norte.

A oportunidade de conhecer uma Unidade de Referência em ILPF foi o que mais agradou o engenheiro agrônomo Ângelo Magalhães, gerente da Fazenda Caldeirão, em São Luís Montes Belo (GO). Para a estudante de Agronomia Bruna Siqueira, o Dia de Campo permitiu tirar dúvidas e receber orientações de especialistas da área.


Por Liliane Castelões
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